Vigiar quem arrisca naufrágio nas “praias” das periferias

[Leitura] Sab 18, 6-9; Hebr 11, 1-2. 8-19; Lc 12, 32-48

[Meditação] Frequentemente acolhemos as afirmações do Evangelho de hoje no sentido moral restrito das ações que devem ser objeto da nossa conversão pessoal, como se a promessa do Reino dependesse na nossa boa conduta moral. Não está mal como fronteira. Mas não basta, tendo em conta o insondável amor de Deus que já nos amava quando ainda éramos pecadores. O Livro da Sabedoria é um convite a olhar para o que Deus fez de maravilhoso na nossa história humana, comunitária e pessoal, independentemente até da nossa consciência.

Por outro lado, se queremos ser meramente vigilantes na própria casa, corremos o risco de nos esquecermos que há uma casa maior, uma pátria melhor, a celeste, pela qual vale a pena trabalhar e esperar de forma ativa. Essa depende de uma fé inquebrantável como a de Abraão e de Sara que sairam da própria terra, respondendo à vocação a que foram chamados, apesar de não terem visto o fruto da numerosa descendência que lhes foi prometida.

O Evangelho é a Palavra do Mestre que nos chama a sermos administradores fiéis dos bens que herdámos, não para usufruir deles de forma egoísta, mas para colocar à disposição da construção do Reino que fica além fronteiras, para além do que vemos, no horizonte que precisamos de desvendar, quiçá no serviço àqueles que sofrem, àqueles que vivem miseráveis, àqueles cujas ondas do mar violento da vida teima em engolir. Neste verão, precisamos de imitar os salva-vidas do Instituto de Socorros a Náufragos: visitar as “praias” onde vivem os que arriscam a vida nas ondas perigosas, estando ao seu lado com uma mão amiga. Também isso é “vigiar”, tomando a sério a vida dos outros como o é vigiar a própria vida.

[Oração] Sal 32 (33)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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