Identificou-se com a nossa humanidade para que O reconheçamos na Sua divindade

[Leitura] Jer 31, 31-34; Mt 16, 13-23

[Meditação] Jesus é divinamente estupendo quando O vemos a não ter vergonha de nós, humanos. Não usa de etiqueta, nem chama a Si os títulos a que tinha direito. Uma boa metáfora de como se pode descrever a encarnação de Jesus é o conto do Pe. Nuno Tovar de Lemos, s.j., em O Príncipe e a Lavadeira (Paulinas). Reconhecer em Jesus o título de Messias é bom para Pedro. Valeu-lhe a capacidade de ser o fundamento visível da Igreja de Jesus Cristo (uma vez que o próprio Jesus é o seu fundamento invisível). Mas Pedro ainda está em crescimento, a carne e o sangue, apesar daquela inspirada profissão de fé, ainda trabalham nele, ao ponto de não aceitar que seja com esse título que Jesus queira salvar-nos através do processo que leva à Cruz.

Para Jesus, salvação e humanização são duas faces da mesma moeda, pois Ele próprio é verdadeiramente Deus e verdadeiramente Homem. E não tem de deixar de ser uma coisa para ser outra. Hoje celebramos o dia do Santo Cura d’Ars. Para ele, o sacerdote é o amor do Coração de Jesus. À luz da vida do Padre João Maria Vianney, o presbítero identifica-se com Jesus Cristo, identificando-se, também, com aqueles que é chamado a servir. Por isso, o mais central na vida do padre, não é o que faz, mas o que é. A partir daqui, o que faz será desenvolvimento do que é, aprendendo a orientar a vida, como Pedro depois de Jesus o ter chamado à atenção, em moldes divinos e não humanos, a partir do Coração de Jesus, portanto.

É no coração humano que se sedia o Espírito de Jesus Cristo. Não vale a pena andarmos a classificar as pessoas de pobres ou ricas, inteligentes ou néscias. Por vezes, dou-me conta que até pessoas com cursos superiores refletem melhor a Liturgia da Palavra quando faço uma homilia para crianças. É preciso descer à humanidade e no processo de humanização, ser corresponsáveis com Jesus no processo de conversão que leva à santidade que só será plena no Reino, quando convivermos com o Ressuscitado sem os limites da carne. Faz-me espécie que, na mente de alguns, para se progredir na santidade se tenha de viver ou sentir como “separati”. Não se está no fundamento, pois o fundamentalismo é a negação dele, ficando à flor da pele e não na enderme onde as veias fazem correr o sangue do amor divino-humano.

[Oração] Sal 50 (51)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padret[Leitura]

%d bloggers gostam disto: