A distância que vai da morte à vida é a mesma entre a fé e o olhar de Jesus
[Leitura] Os 2, 16. 17b-18. 21-22; Mt 9, 18-26; SANTA ISABEL DE PORTUGAL
[Meditação] Não deve ser por acaso que Mateus insere o episódio da mulher que sofre de um fluxo de sangue há doze anos no meio de um trajeto que vai do pedido de um chefe e a cura da sua filha. Aquela mulher estava afastada da vida social e da vida comunitária da fé tantos anos, porventura, que os daquela menina que dormia. Isto não se sabe ao certo… o que se sabe é que Deus sempre quis atrair para Si «casa de Israel», levando-a para o deserto, falando-lhe ao coração, fazer-Se seu «marido». Por isso, não admira que, no tempo da nova e definitiva Aliança, Se deixe tocar em Jesus por aquela mulher que viveu todos aqueles anos no deserto de uma injusta solidão.
O desafio da fé, aqui, mais decisivo é o que implica crer na vida para além da morte, tendo Jesus como Aquele que a dá. É naquele “sono” pelo qual todos passaremos e no qual somos chamados a acreditar que não passa de um trajeto que, curto ou longo, decorre entre a solidão humana terrena e a comunhão plena com Deus. O padre religioso AMEDEO CENCINI tem razão ao afirmar que, seja uma pessoa solteira, consagrada ou, mesmo, casada, resta sempre dentro do seu coração um pedaço que será sempre “virgem”, quer dizer: só Deus é que tem o poder de o tocar, pelo poder que Lhe assiste de saber ler o mistério humano que é a sua sede de infinito. Na verdade, a distância que vai do íntimo daquela mulher, que pensa em toca em Jesus, e a sua atitude, ainda que discreta, de o tocar de facto é semelhante ao percurso “sem distância” entre o olhar compreensivo de Jesus e a cura daquilo que a amarra à sua solidão.
Há tantos milagres que Deus realiza num “átomo” de tempo, sem darmos conta! É como a vida de Santa Isabel de Portugal: lida à distância, na História, permite-nos contemplar como Deus fez dela uma crente contemplativa do Seu olhar que, quer na vida familiar da sua Corte, quer na vida social do seu tempo, serviu para encurtar essa distância entre a morte e a vida, seja na história da indigência humana, seja, até, no desenvolvimento da própria História de Portugal. Santa Isabel de Portugal, rogai por nós!
[Oração] Sal 144 (145)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo