Limpa o teu olhar, para compreenderes o olhar do outro

[Leitura] 2 Reis 17, 5-8. 13-15a. 18; Mt 7, 1-5

[Meditação] A Liturgia da Palavra de hoje evoca a questão do realismo crítico ou o nível de consciência que colocamos na capacidade de olhar a realidade posta ao serviço do bem. Jesus começa por nos advertir sobre o julgamento do outro: não se deve julgar! Só Deus o pode fazer, porque só Ele é que pode perdoar o mal. O Mestre avisa-nos que, no caso de “cairmos” em julgamento, a medida será repartida… Depois, fornece-nos um “método” para o olhar: verificar, primeiro, o próprio antes de caracterizar a forma de o outro ver ou viver a realidade.

É, a este respeito, famosa a história de uma dona de casa que dizia todos os dias para o marido que a vizinha estendia a roupa ainda suja depois de a ter lavado, ao que o marido, cansado, responde que as suas janelas é que estão sujas, não permitindo ver bem a roupa realmente lavada da vizinha do lado. Jesus adverte-nos, pois, que a limpeza do próprio olhar é prioritária a qualquer juízo, diante de qualquer realidade, podendo, mesmo, livrar-nos do vírus maléfico inútil do juízo humano (sendo que o juízo benéfico se atribui ao único que é Bom: Deus).

Usemos e “abusemos”, pois, do “detergente” da marca misericórdia. Lava tudo e não deixa resíduos, por não ser corrosivo nem abrasivo. Vem de Deus e limpa tudo sem manchar. A limpeza do olhar, com a ajuda da misericórdia, ajuda-nos a não ter necessidade de julgar os outros, mas permite-nos compreender a realidade como ela é. E mesmo quando ela é menos boa, precisando do tal realismo crítico para a resolver ou corrigir, não confundimos essa realidade má com a pessoa, sempre criatura feita à imagem e à semelhança de Deus, independentemente das camadas de juízo ilusório que lhe/nos impomos.

[Oração] Sal 59 (60)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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