Os olhos do coração sejam sentinelas da liberdade que dá alegria e paz
[Leitura] 2 Reis 11, 1-4. 9-18. 20; Mt 6, 19-23; A Alegoria da Caverna (PLATÃO)
[Meditação] O relato da primeira leitura assemelha-se ao crescimento de um ser humano, em que os primeiros seis anos somos prisioneiros do que uma cultura, conceitos e informações que recebemos dos outros nos é dado; ao sétimo ano, podemos colocar a hipótese de deixar prisioneiros de alguns, senão, da maioria dos condicionamentos que nos impedem de ir à procura do que, verdadeiramente, nos pode dar autonomia e liberdade pessoais. Costuma coincidir por esta idade o cuidado dos pais em colocar os filhos na escola e na catequese e, nesta, a preparação e a celebração da Primeira Comunhão. No Livro dos Reis, uma metáfora desse cuidado pode ser atribuída a Josebá e Joiabá, que livram Joás das mãos de Atalaia. Quantos, como esta, teimam em tirar a muitos a possibilidade de ser protagonistas da própria história, ao encontro de um desígnio maior emanado da luz que é Deus?
Na alegoria de Platão, a caverna simboliza o mundo, onde alguns, para liderarem a nossa vida em proveito do seu reinado, apresentam-nos imagens que não representam a verdadeira realidade. Só é possível conhecer esta realidade, quando nos libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando saímos da caverna. O corpo do ser humano também pode ser uma caverna de ignorância se o olhar não deixar entrar a luz que vem de fora dele mesmo, de forma a que o coração possa colocar o seu afã num tesouro real que lhe é oferecido por Deus e não pela projeção de falsos tesouros que lhe são impostos por quem não quer que a alegria e a paz do Reino de Deus o atraiam.
É, pois, preciso muita vigilância no templo interior e combate para que o mal não nos faça, também, ilusionistas de um destino “copy-past” de entretenimento obscuro. É a Deus que chama e à própria liberdade de escolha vocacional que não devemos trair. É preciso usar as “lanças e os escudos” eficazes do bem ancestral, para sermos capazes de querer e promover os valores da vida que a ferrugem e os ladrões das trevas não podem destruir. Não é mal, portanto, que tenhamos sempre o “coração nas mãos” analizando-o à luz do dia-a-adia com realismo esperançoso, não deixando que imagens interiores de medo o agrilhoem por carrascos mundanos, pedindo ao Senhor que faça repousar n’Ele o nosso coração inquieto. Na verdade, em qualquer idade, corremos o risco de, uma vez tendo feito a experiência da luz, querer regressar sempre à caverna onde se encontram os velhos amigos da cultura que outrora nos amarrou à ignorância.
[Oração] Sal 131 (132)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo