Monte das Bem-aventuranças: trono de felicidade plena gratuita

[Leitura] 1 Reis 17, 1-6; Mt 5, 1-12

[Meditação] Temo que se tenda, por vezes, a considerar o código das bem-aventuranças com a mesma hermenêutica do decálogo deuteronómico. Na verdade, aquele é a plenitude deste, uma vez que Jesus, como “novo Moisés”, veio instaurar a nova e definitiva aliança. A desconsideração hermenêutica poderá estar no facto de pensarmos que as bem-aventuranças nos implicam na obediência a uma ação (como os dez mandamentos), ao invés de ser uma constatação-promessa de Cristo: constatação do mal sofrido pela humanidade (por si, um preço já elevado da experiência terrena) e promessa gratuita de salvação por parte de Deus.

Os mandamentos da lei de Deus ajudam-nos a caminhar nas fronteiras horizontais limitadas do fazer, através das quais podemos fazer a experiência do nosso limitado modo de amar (a Deus e ao próximo como a nós mesmos) – são um decálogo ascético, onde o esforço humano é preciso, para além da assistência paterna de Deus.

As bem-aventuranças são, por sua vez, um código místico: quebram todo o tipo de fronteiras verticais e requerem somente a nossa abertura à promessa de plenitude, uma vez que ela satisfaz os desejos lícitos mais profundos do ser humano. Como condição primária, não exigem amor, mas abertura ao amor que é oferta gratuita de Deus em Jesus Cristo. Uma condicionante acessória é a colaboração para com a cultura da felicidade e da paz que é possível com a imitação do modo misericordioso do ser e agir de Deus.

[Oração] Sal 120 (121)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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