Prioritária para a ressurreição é a verdadeira questão do enlace com Deus
[Leitura] 2 Tim 1, 1-3. 6-12; Mc 12, 18-27
[Meditação] À má fé dos saduceus, Jesus responde não diretamente à questão da ressurreição, mas à da união matrimonial com a afirmação de que no Reino dos Céus esse enlace não obedece à lógica do mundo, mas sob o desígnio do poder do amor de Deus acima de qualquer união. Quanto à questão da ressurreição dos mortos, secundariza-a com a afirmação do Deus vivo. Em resumo: questão primária é a do poder do amor de Deus que é capaz de nos dar a vida eterna; secundária, mas não menos importante, talvez consequente dela, é a fé no Deus vivo.
Na verdade, Jesus realizou milagres, reanimando Lázaro, o filho da viúva de Naim, etc., certamente para que, diante do poder de Deus, a humanidade acreditasse que Ele veio anunciar a vida sem fim. É para isso, também, que com muito afeto e lucidez de fé o Apóstolo Paulo escreve a Timóteo, admoestando-o que reanime o do de Deus que recebeu com a imposição das suas mãos. Esse dom é a graça de Deus, onde reside o poder para sofrer pelo Evangelho em comunhão filial.
É pena que a questão do sacramento do matrimónio, na Igreja, estivesse demasiadamente conotada com as leis de um Estado laico, levando-se muitas vezes os noivos a ater-se ao secundário em vez do central amor que é fonte de união que, no casamento, é provisória em relação à união com Deus. Se a indissolubilidade se colocasse desde a formação cristã em relação à união com Deus, talvez a união matrimonial − sempre referida pela Sagrada Escritura à esponsalidade entre Jesus e a Igreja, Deus e o seu Povo − fosse mais longe, não só no tempo, mas na profundidade desse Amor que lhe é fonte. As estatísticas dos divórcios e das declarações de nulidade levam-me a dizer: “quem tudo quer, tudo perde”. Mas não desanimemos: o “tudo” verdadeiro não é terreno, mas divino; é ato do poder de Deus e não efeito meramente humano.
[Oração] Sal 122 (123)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo