Eucaristia: um enthusi-ázimo de Deus que acode à expir-ação do mundo

[Leitura] Gen 14, 18-20; 1 Cor 11, 23-26; Lc 9, 11b-17

[Meditação] A presença eucarística patente no Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma inspiração de Deus que, desde interior da Igreja, faz explodir as graças que ajudam a resolver a expiração das euforias dispendiosas do mundo. O jogo das paráfrases no título deste post sugere que o poder criativo da inspiração divina (= entusiasmo) vem da confeção ázima da Vida partilhada por Jesus em socorro da experiência humana confrontada com a obesidade mórbida imposta pela lógica do mundo, fermentada por ações que fazem expirar a esperança.

No texto “Cozinha arqueológica”, Eça de Queiroz escreve: «Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és». Nesta obra ele sugeria a investigação sobre as qualidades de uma raça pela forma de confecionar os alimentos. Nesta reflexão, sugiro que apliquemos a frase aos conteúdos que ingerimos. Muito do que se ouve falar sobre a promoção de uma vida feliz − desde a concepção de uma nova vida, passando pela educação, até ao termo da vida humana − está contaminado com o vírus da morte eterna que tem mais a ver com a regressão ao caos inicial, anterior à Criação. É como se o homem quisesse substituir-se ao verdadeiro Deus da Criação, tentando produzir um mundo “seu”, sem ter que dar contas ao verdadeiro Autor da vida.

A Mãe Igreja ainda tem muito a fazer para que o caminho de acesso à Eucaristia não seja obstruído por leis rígidas. Com tanto escondimento, não só se dificulta a descoberta da verdadeira Luz para quem busca em caminhos escuros, como se dificulta o impacto que, nas comunidades, seria necessário o culto eucarístico ter para um desenvolvimento mais feliz da vocação de cada ser humano. Sendo, como o Papa Francisco diz (Laudato Si’, n. 236), “a Eucaristia a maior elevação da criação, com a manifestação sensível da graça do Deus feito homem que se faz comer pela criatura”, dificultar por motivos não graves o acesso à Eucaristia seria como que abortar, também, o processo da Nova Criação inaugurada por Jesus Cristo. O aumento das vocações de especial consagração nalguns ambientes ditos de terceiro mundo é concomitante com o crescimento da participação e da adoração eucarística. Isto faz-nos tirar alguma conclusão quanto à falta de vocações na Europa? Diante da Presença Eucarística há duas boas atitudes: acolhê-la e levá-la aos outros ou ajoelhar diante dela. Passividade é incoerência.

[Oração] Rezar com a Sequência da Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo:

Terra, exulta de alegria,
Louva teu pastor e guia,
Com teus hinos, tua voz.

Quanto possas, tanto ouses,
Em louvá-l’O não repouses:
Sempre excede o teu louvor.

Hoje a Igreja te convida:
O pão vivo que dá vida
Vem com ela celebrar.

Este pão — que o mundo creia —
Por Jesus na santa Ceia
Foi entregue aos que escolheu.

Eis o pão que os Anjos comem
Transformado em pão do homem;
Só os filhos o consomem:
Não será lançado aos cães.

Em sinais prefigurado,
Por Abraão imolado,
No cordeiro aos pais foi dado,
No deserto foi maná.

Bom pastor, pão da verdade,
Tende de nós piedade,
Conservai-nos na unidade,
Extingui nossa orfandade,
E conduzi-nos ao Pai.

Aos mortais dando comida,
Dais também o pão da vida:
Que a família assim nutrida
Seja um dia reunida
Aos convivas lá do Céu.
Ámen. Aleluia.

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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