Vida apostólica: “toalha de altar” rematada a “ponto de cruz” com a Palavra da Verdade
[Leitura] Act 20, 28-38; Jo 17, 11b-19
[Meditação] Acompanhamos o Apóstolo Paulo no “cenáculo” que o prepara para o testemunho do martírio (passe a redundância), contemplando que o tecido desta sua etapa de vida é bordado a “ponto de cruz” com o conteúdo da oração sacerdotal que Jesus dirige ao Pai em favor dos seus discípulos. A firmeza deste “tecido” da vida apostólica vem-lhe da Palavra da Verdade com que é bordado, formando uma “toalha de altar” que não agrada à estética dos balcões do mundo.
Adivinho que a fé de muitos é vivida apoiando-se na convicção de que Deus pode ou deve preservar a vida física para sempre nesta terra. A Liturgia da Palavra de hoje contradiz esta tendência. Deus não nos poupa à morte física, mas livra-nos da morte eterna. Para isso, o modelo de unidade (outro não há!) que Jesus nos sugere é o que Ele vive na relação íntima com o Pai («para que sejam um, como Nós»). Assim, permanecer nesta Palavra da Verdade é a melhor maneira para não sucumbirmos ao mundo, estando nele para testemunhar, enquanto viajamos nesta “barca” até à glória que nos está prometida em Cristo Jesus, impelidos pelo sopro do Espírito de Amor enviado pelo Pai e pelo Filho.
Urge, pois, evangelizar até ao fim das nossas forças, não com gurmets de sabor agridoce, mas como fermento escondido na massa, trabalhando no meio do mundo, acudindo aos mais fracos, rezando com os joelhos e aproveitando os abraços daqueles com quem partilhamos a missão, até ao último abraço nesta vida. Entre a fraternidade e a missão, há muito a recuperar deste único modelo de unidade que Jesus nos deixou, tão fragmentado em formatos mais ou menos estanques de uma visão encurtada pela autorreferencialidade e autosuficiência humana.
[Oração] Sal 67 (68)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo