O amor de Deus é uma fonte acessível de alegria para todos!

[Leitura] Act 15, 7-21; Jo 15, 9-11

[Meditação] É provável que nem todos os católicos saibam que existem três tipos de uniões matrimoniais canonicamente válidas: entre duas pessoas católicas, entre uma pessoa católica batizada e outra batizada noutra confissão de fé diferente (disparidade de culto), e entre uma pessoa católica batizada e outra não batizada (misto). A matéria do Sacramento (o amor entre os esposos) vá assegurada, juntamente com a defesa dos pilares que sustêm o mesmo (liberdade, indissolubilidade e fecundidade), com mais algumas condições que respeitem a parte católica na possibilidade de praticar a sua fé e de educar os seus filhos na mesma fé. Como se vê, o amor não é ameaçado com a diferença de culto ou de religião, apenas quem o vive desta ou daquela forma é convocado para a permanência do amor.

A Exortação Apostólica Amoris Laetitia (A Alegria do Amor), como se sabe, não veio trazer todas as novidades sobre o amor matrimonial, mas uma nova pedagogia, talvez, mesmo, relacionada com o respeito pela diferença e pela defesa do essencial. O mesmo é capaz de acontecer com a relação esponsal entre Deus e a humanidade, assim como entre Jesus Cristo e a sua Igreja: permanecer ligados ao amor de Deus, ou seja, fazer parte do círculo de amor que Jesus nos veio mostrar, respeita a pertença a várias latitudes da existência terrena, como a que existia, no tempo dos primeiros Apóstolos, entre os gentios e os judeus. Por isso, aqueles, para os manterem a ambos ligados à mesma fonte, procuraram respeitar as diferenças, não os obrigando a tudo, embora defendendo as fronteiras essenciais da definição prática da fé.

Ainda hoje me intriga uma coisa: porque é que algumas pessoas “menos” praticantes vivem, por vezes, mais alegres do que as que mais praticam. Será porque a vivência da fé tem de ser “pesada” e vivida com “cara de enterro”? Não, como tem sublinhado o Papa Francisco. Muito menos no porreirismo e laxismo espiritual. Talvez a solução seja aquela que o Papa Francisco já confidenciou em entrevista: a pedagogia gradual da “santidade média”, ou seja, exequível. Ele tem razão! Para quê viver a fé com pesos insuportáveis a pensar conseguir o que nunca se conseguirá? Não será melhor, analisando a própria história e condição, procurar abrir-se a Deus vivendo a vocação que Ele sonhou para cada um? Já Francisco de Sales defendia o mesmo: a cada condição de vida o respetivo formato de vida cristã, ou seja, todos podem ser santos e felizes na medida possível permitida pela sua condição de vida. A vida cristã não é um fato com uma só medida para todos… nem todos lá caberiam, como protagonizava os que defendiam a heresia do jansenismo.

[Oração] Sal 95 (96)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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