Ligar e desligar a Jesus na conciliação entre a Palavra e as atitudes
[Leitura] Act 15, 1-6; Jo 15, 1-8
[Meditação] Todos nós sabemos que Jesus deixou Pedro com a capacidade de ligar e desligar no céu através de decisões “ex cathedra”. Na primeira leitura de hoje, começamos a ver o desenrolar do primeiro Concílio da Igreja − o de Jerusalém − onde se decide a não obrigatoriedade da circuncisão para os gentios convertidos à fé. E Concílio após Concílio, a Igreja foi caminhando pela história a reescrever, com o mesmo poder deixado por Cristo aos sucessores de Pedro, o que ajuda a permanecer em Cristo. O Batismo é a base desta pertença e caminho de vida cristã. Nos dias de hoje, como vemos o essencial dessa pertença?
Não é infrequente encontrarmos pessoas que “se confessam diretamente a Deus”, povos a defender tradições onde por vezes excluem os irmãos, pouca leitura da Bíblia e dos documentos do Magistério apesar da popularidade do Papa, a sobrecarga institucional na vivência da fé em detrimento do cuidado para com as pessoas nas suas circunstâncias particulares, etc. − são exemplos da necessidade permanente de sinodalidade com que a Igreja Universal e as Igrejas particulares procuram propor a fidelidade ao seu único Fundador.
Todos ficámos abismadamente surpreendidos com as recentes atitudes do Papa Francisco − a sua posição de pedagogia gradual, a sua proximidade para com os últimos e o acolhimento que fez às três famílias muçulmanas no Estado do Vaticano, entre muitas outras − e estamos para ver como é que a Instituição Igreja se vai habituar a lidar com estas e outras situações neste mundo em mudança. A “legalidade” destas atitudes requer uma jurisprudência que não tem o seu ponto de partida na instituição, mas na sacramentalidade da relação que Jesus nos deixou como fundamento de salvação. A coragem que Paulo teve de tocar no que parecia ser um fundamento na Lei de Moisés, abalando alguns posicionamentos, faz com que a Fé cresça e não diminua. Ainda hoje, há elementos da vivência da Religião que, por mais que alguns quisessem, não ligam a nada, muito menos a Deus e à salvação dos irmãos. Continua a saga dos Apóstolos: sem tribulações não haverá conversões. Haja conciliação no essencial, com base no discernimento dos espíritos, entre a Palavra e as realidades da vida concreta!
[Oração] Sal 121 (122)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo