No início de tudo, diante de Jesus, para a produtividade do Seu Reino

[Leitura] Act 5, 27b-32. 40b-41; Ap 5, 11-14; Jo 21, 1-19; «Igreja, Mãe de Vocações»

[Meditação] O episódio evangélico deste III Domingo da Páscoa pode descrever o quotidiano de qualquer uma das nossas comunidades cristãs, ajudando a entrelaçar, sem quebras, a relação entre desafios, trabalho e esperanças proféticas, encontro e liturgia, e o sucesso que é próprio do Reino para o qual nos dirigimos, contrastante com a produtividade do mundo. São símbolos deste ligamento e, ao mesmo tempo, do crescimento de Pedro como Apóstolo os seguintes:

  • a sua iniciativa com os irmãos,
  • o vestir da túnica diante do Senhor
  • e a sua tríplice declaração de amor definitivo.

E para que estes símbolos nos liguem à tal “produtividade” do Reino de Cristo Ressuscitado, o Evangelho propõe-nos uma dinâmica de seguimento misisonário, atestado, também, pelos Atos dos Apóstolos e pelas visões do evangelista João:

  • DESCOBERTA. Ao romper da manhã, quer dizer, no início de qualquer iniciativa humana e eclesial-pastoral, estar sempre diante do Senhor, na descoberta da vida. Definitivamente, é Ele que mostra o sentido. Podemos, com à luz do Seu Espírito, discernir a forma como Ele se apresenta e o que Ele nos pede em cada momento, diante dos desafios que nos são postos no mundo. Antes de Jesus ser reconhecido, é preciso aprofundar o que se passa no momento histórico que estamos a viver, para que não pensemos que a Sua ação milagrosa aconteça como que por magia. Como vemos, Ele pede sempre colaboração, indicando com a sua Palavra o que se deve fazer em cada circunstância, para realizar o que quer que tenha a ver com o Seu Reino.
  • ENCONTRO. Uma vez clara a visão do que o Ressuscitado faz no nosso caminho, celebrar com Ele o encontro que é refeição sagrada. A Eucaristia é o momento central entre a descoberta profética e o compromisso de testemunho consequente. Este é o momento em que os seus discípulos não se atrevem a perguntar-Lhe mais nada, mas a estar abertos como vasos a acolher as provisões de força espiritual para o que vem a seguir.
  • ENAMORAMENTO. É a declaração de amor que, na sua repetição constante, leva cada vez mais à estabilidade no serviço a Deus («amas-Me a Mim?») e ao próximo («apascenta as minhas ovelhas»). É o ponto “clímax” em que a típica experiência dos sentidos se transforma na típica experiência espiritual: em vez do empirismo passa-se à resposta a uma amor maior que, antes mesmo de ser compreendido, é atraente por si mesmo e garantidamente promotor, em nós e de nós para os outros, da lógica do Reino de Deus.

Neste 53ª Semana de Oração pelas Vocações, dispunhamo-nos a ler à luz desta Palavra e da do próximo IV Domingo da Páscoa a Mensagem do Papa Francisco, sob o tema «Igreja, Mãe de Vocações». O que pensaremos nós do que o Papa Francisco foi fazer a Lampedusa e irá fazer ou dizer em Lesbos? Certamente tem mais a ver com este episódio do Evangelho do que possamos imaginar, frente a dinâmicas que a Igreja é chamada a desenvolver «em  saída» dos esquemas velhos e infecundos que nos limitam a possibilidade de sermos verdadeiros discípulos missionários. É sempre nesta nova perspectiva de Igreja que podemos ler a necessidade de novas vocações de especial consagração.

[Oração] Sal 29 (30)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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