A fé que, ao tocar no Ressuscitado, sara as cicatrizes da dúvida

[Leitura] Act 5, 12-16; Ap 1, 9-11a. 12-13. 17-19; Jo 20, 19-31

[Meditação] No II Domingo da Páscoa celebramos a Festa da Divina Misericórdia. Depois de já ter tido tantos nomes (“dominica in albis”, “quasiomodo”, “domingo de S. Tomé”), a partir de 2000 João Paulo II deu-lhe aquele nome em resposta ao pedido que Nosso Senhor fez a Santa Faustina Kowaslka. De facto, como também já percebemos de uma recente entrevista ao Papa Francisco, “O Nome de Deus é Misericórdia“. A capacidade de voltar ao encontro com Deus em Jesus Cristo, uma vez que Ele está vivo, permite-nos, na dúvida, tocar os sinais que restauram as cicatrizes deixadas pelas experiências da ida. Curiosamente, há uma arte japonesa, o Kintsugi, que nos permite admirar a beleza que há nas cicatrizes, uma vez ligados os pedaços quebrados do todo com ouro líquido.

Aquele “todo”, dentro da dinâmica da experiência pascal, é a comunidade da Igreja, por vezes quebrada pela dúvida e afastamento de tantos. O restauro deste vaso requer:

1º – Um acolhimento muito transparente do Ressuscitado por parte de quem está dentro;
2º – Uma saída ao encontro dos que vivem a dúvida e o erro, sem a qual é muito difícil alguém ousar acreditar;
3º – Um acolhimento dos que ousam reencontrar-se com Jesus na comunidade.

O “ouro” da visão de João descrita no Apocalipse foi fundamental para a união das “sete Igrejas”. Com o mesmo “ouro”, que é o amor de Deus, podemos preencher a vida de tantas e de tantos que sofrem com as obras de misericórdia. Depois de tocarmos os sinais do Ressuscitado na Eucaristia, não tenhamos medo de tocar as feridas cravadas na vida dos irmãos, de forma a que todos possam acolher a glória contida na vida nova que Jesus já vive eternamente.

[Oração] Sal 117 (118)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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