A misericórdia de Deus é uma proposta que seduz ilegalmente
[Leitura] Jer 11, 18-20; Ev Jo 7, 40-53
[Meditação] Se formos a ler bem os textos destes últimos dias do tempo da Quaresma, colocando na balança do bom senso as palavras e as atitudes dos personagens que nos são postos diante dos olhos, iremos dar conta que há um absurdo quer por detrás da ignorância dos homens em relação à pessoa e à intenção salvífica de Jesus, quer na manifestação frontal de uma bondade infinita que, apesar daquela atitude, não deixa de ser uma promessa a quem a deseja acolher na relação com Ele. Ou seja, ao absurdo desamor, Deus responde com uma ainda mais absurda misericórdia.
Os textos de hoje, ajudam-nos a compreender no nosso contexto, que o problema verdadeiro da Evangelização nunca será o da origem de um profeta nem o tipo de discurso que ele traz (excetuando a hipótese dos falsos profetas, claro); o drama da Evangelização sempre foi e continua a ser o tipo de matéria de que é feito o coração dos homens. Se não lhes dá jeito, até são capazes de destruir «a árvore no seu vigor». Olhemos para a destruição da Síria: a que troco, por que preço?
No Antigo Testamento, o profeta pede a Deus um castigo para as maquinações dos inimigos; no Novo Testamento, a resposta é uma proposta “ilegal” tendo em conta o tipo de justiça com que os homens estão habituados a reagir a quem lhes faz mal. A misericórdia é, na verdade, uma desobediência às leis dos homens ou à sua forma de gerir a Lei. Não admira que só os que estão abertos ao Espírito de Deus sejam capazes de reconhecer a inocência de Jesus que, com a novidade do que diz e do que faz, nos vem trazer a salvação.
[Oração] Sal 7
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo