Precisam-se confessionários móveis ao encontro de doenças que paralizam
[Leitura] Ez 47, 1-9. 12; Jo 5, 1-3a. 5-16
[Meditação] Por vezes, diz-se que a Igreja está demasiado sacramentalista (foi esta apontada como uma das suas sombras em Portugal). Poderá ser verdade e não se quererá dizer, com toda a certeza, que os Sacramentos que Jesus instituiu com a sua Palavra e os seus gestos estão a mais. Pelo contrário… Talvez a análise se detenha na constatação de que alguns modos de celebrar já caducaram, desligados que estão da vida real e da justiça que é preciso promover, com o atraso que isso traz para a Nova Evangelização e a desistência que provoca em muitos dos que procuram Deus. É pena que se tenha legalizado demasiado a celebração dos Sacramentos, fazendo-os ao mesmo tempo um balcão de burocracias que afastam mais do que aproximam, como haveria de ser sempre, d’Aquele que é, unicamente, o seu instaurador.
A cena junto à piscina de Betsatá prova-nos que Jesus, se quiser, não precisa de processos mediáticos, inclusive do conhecimento do paralítico a Seu respeito. Nem, mesmo, a competição pode ser um obstáculo à possibilidade de cura, seja ela de que tipo for (e se formos aos hospitais…). Também a Confissão se tornou, hoje, um “só se lá fores é que o Perdão virá até ti”. A este respeito, fico admirado com os confessionários como ambulatórios (móveis, portanto) que aos mais tradicionalistas são capazes de escandalizar (na primeiríssima história do Sacramento da Reconciliação iniciado por Cristo aconteceu o memso; cf. CONSELHO PONTIFÍCIO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO, A Confissão. Sacramento da Misericórdia, Paulus, Lisboa 2015, pp. 10-12).
Jesus é essa “água viva” que transborda num imenso caudal que nada nem ninguém pode vedar. Águas paradas não movem moinhos. Estamos à espera de quê para modificar a forma de celebrar, pelos menos com modelos diferenciados. Será incómodo para quem sai? Sim, mas será uma bênção para quem o recebe! Quando o Papa Francisco nos diz para sermos Igreja «em saída» não está a dizer que deixamos arrumadinho dentro de casa o rito litúrgico intocável e saímos ao encontro dos pobre e doentes com dinâmicas que nada têm a ver com as palavras e gestos salvíficos de Jesus. Igreja como “hospital de campanha” é para ser profetiza, celebrante e testemunhante fora, também. Se tivermos a coragem de transpor a tríplice missão para a rua, talvez não corramos o perigo de sermos “assaltados”, correndo o risco de perder todo o espólio.
[Oração] Sal 45 (46)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo