Na cadeira do legalismo senta-se (quase sempre) uma aparência solitária
[Leitura] Is 1, 10. 16-20; Ev Mt 23, 1-12
[Meditação] Quem já teve a oportunidade de ler a novela de Vitor Hugo (1862) ou de ver o correspondente filme “Os Miseráveis” até ao fim, deu conta que o personagem Javert, que tem a lei como a sua implacável religião, acaba por se suicidar, poupando, enfim, a vida de Jean Valjean que, apesar de toda a errância, se tinha tornado num homem recuperado pelo caminho da realização da verdadeira justiça, a compaixão, que, primeiro, aprendeu a acolher e, posteriormente, a praticar em favor dos outros.
É curioso que hoje, depois de termos meditado na Cadeira de São Pedro como “cadeira de um ministério solidário”, sejamos convidados a ler o Evangelho o aviso de Jesus no que toca à “cadeira de Moisés de que se apoderaram os escribas e fariseus”. Quanto aos seus discípulos, é nítida a postura de Jesus, de rutura em relação à conduta dos escribas e fariseus, apontando para o olhar dos que O seguem um outro horizonte de justiça: fazer tudo e observar o que está dito; não imitar as obras dos que dizem e não fazem. O que é que isto quer dizer?
Talvez que uma religião em que o que se diz não seja humanamente possível de se fazer não é verdadeira, ou seja, não liga o amor de Deus ao homem e este não alcança a plena liberdade. Já o caminho exequível, com a ajuda da graça de Deus que livra do pecado, é o proposto por Jesus. Para isso, só pode haver um Mestre que é Ele mesmo e um só Pai que está no céu. É o caminho em que o que tem mais autoridade é o que serve os outros, como nos lembrou há pouco tempo o Papa Francisco. O caminho contrário é o da maldição que diz e não faz, só atrapalhando a felicidade do homem, que é viver a comunhão com Deus e com os outros.
[Oração] Sal 49 (50)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo