Jesus Cristo é a força que pode transformar maldições em bênçãos!

[Leitura] 2 Sam 15, 13-14. 30: 16, 5-13a; Mc 5, 1-20

[Meditação] Na cena evangélica que hoje nos é colocada diante dos olhos, costuma-se centrar a atenção na «legião» e na «vara de porcos». No entanto, há mais enredo para além disso: há um homem a quem, porventura, os vícios arrastaram para os “túmulos” do isolamento, do desamor familiar, da solidão e de tudo quanto aparta de um caminho regular que prometa a felicidade humana. No entanto, ele tinha muita força para se livrar das «cadeias» em que o prendiam para não perturbar a “felicidade” de outros. Noto aqui, por isso, não só uma legião de espíritos impuros, mas o encontro entre dois tipos de forças: a de Jesus que atrai para além dos respeitos humanos que obstruem o caminho para Ele e a força gritante do homem possesso que se quer encontrar com Ele não obstante as resistências do mal.

Também pode acontecer com qualquer ser humano e, concretamente, com os cristãos, como aconteceu no caminho deste endemoninhado, vermo-nos metidos em “enredos” maliciosos que nos possam tirar do caminho o bem. Um dos perigos mais eminentes é, por exemplo, uma vez que somos pecadores, haver circunstâncias em que pessoas ou factos nos rebaixem ainda mais o espírito do bem, com acusações de vário género, de forma a engrandecer o mal que não existe em nós. Daí a importância de um bom exame de consciência diário que dirima escrúpulos e que nos ajude a colocar no altar da Misericórdia de Deus que é o Sacramento da Reconciliação a realidade dos atos morais.

A experiência de David pode ajudar-nos nesse sentido. Também ele não escapou a que se manchasse o seu manto de rei. No entanto, à voz de Natã, ele não teve como calar a sua consciência que, prontamente, confessa o seu arrependimento através do que, também nós, suplicamos através do Salmo 50.  Diante das ameaças que lemos na leitura de hoje, David não se intimidou mais do que era necessário, nem quis abarcar com culpas que não seriam dele. Fez o que é bom de qualquer crente fazer: colocar tudo nas mãos do Senhor; Ele saberá como fazer com a verdade que liberta e, também, com as inverdades que agrilhoam.

A cura que Jesus realiza naquele homem, apesar de não dar numa experiência de seguimento direto do Mestre como acontece noutras experiências de libertação (Mateus, Maria Madalena, etc.), pode considerar-se uma bênção de restituição daquele homem à sua família e a uma vida de profetismo laical, ou seja, à sua vida normal. Mesmo dentro de um estado de vida, pode acontecer quer Deus se aproveite de certas debilidades para fazer o impossível, contendo elas a “alavanca” de que precisa em nós para Se manifestar. Oxalá, esta mesma experiência aconteça, também hoje, com tantos homens e mulheres que aguardam a sua libertação, não deixando de gritar pelo Mestre. Não obsturamos a relação entre aquelas duas “forças” que representam duas autoridades: a do amor de Deus e a da liberdade humana.

[Oração] Sal 3

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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