Para a alegria cristã, o homem novo, com tradições renovadas!
[Leitura] 1 Sam 15, 16-23; Mc 2, 18-22; Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2016
[Meditação] Ainda ontem fomos convidados para as Bodas de Caná e presenciámos o milagre da transformação da água em vinho novo. Sabemos este vinho ser a alegria de que a festa precisava. Ninguém esteve à espera que algum padre dissesse que Jesus fez uma espécie de magia, pois não? Talvez, que as talhas de água até cima signifiquem que somos chamados a deixarmo-nos encher de todos os dons do Espírito para, logo de seguida, sem escusas, sermos também convidados a servir os outros. Se calhar o grande milagres está na simplicidade com que Jesus cerimonia nesta ocasião, como em quase todas (sem esquecermos o facto de que é Deus!): sem ritualismos demorados e inúteis, quando a solução é a do “faça-se”!
O que hoje nos quer dizer, pelo evangelista S. Marcos, é que não podemos viver uma alegria cristã à base do homem velho ou de tradições que alegraram outros, mas que agora não servem mais para dar alegria atual. Não cola! O que dá alegria a um casamento não é que a noiva nova leve o vestido de uma noiva antiga, por mais exemplar que tenha sido. Mas os maridos são diferentes! Noivo novo, vestido novo! (E vice-versa para o fato do noivo!) Quer dizer, sem superstições, vida nova, projeto novo. Só o Senhor é que é o mesmo. E o Espírito Santo também…
O jejum, a esmola e a oração continuam a ser práticas importantes para os cristãos, mas − valha-nos Deus! − não como condicionamentos obrigatórios, mas como motivações para o bem. Uma pessoa doente não cura só porque vai ao médico (se fosse assim, todas as doenças teriam cura…). A cura é um efeito potenciado por muitos fatores, sem esquecer a liberdade do sujeito e a sua motivação ou vontade. A salvação é dom da bondade infinita de Deus, mas se a pessoa não estiver aberta a esse dom… Haja testemunhas de abertura!
A separação entre os irmãos cristãos, em particular, e dos filhos de Deus, em geral, também aconteceu por causa de muitos “vinho novo em odres velhos” e “remendo de pano novo em vestido velho”. A unidade dos cristãos, cuja semana de oração hoje começa, depende de algum “faça-se” em concreto, porque a fonte é a mesmas, apesar de as interpretações e as experiências de fé não serem. Um coisa é certa, em qualquer religião ou confissão de fé, a obediência e docilidade à Palavra do Senhor agrada a Deus; e todo o tipo de rebelião e obstinação destrói o homem. É a alegria do Evangelho que pode regenerar e esta não se constrói à custa de ações violentas! Certamente o tema desta semana nos possa ajudar a “limpar” as nossas formas institucionais de viver e de propor a fé de tudo o que afasta: «Chamados a proclamar os altos feitos do Senhor».
O guião para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2016, conta-nos como foi a história dos cristãos na Letónia, de onde alguns se juntaram para preparar a oração desta semana. Na verdade, a experiência destes cristãos mostra-nos que «usando a força, alguns primeiros missionários e cruzados contradisseram o coração da mensagem evangélica. Durante séculos, a terra letã servia de campo de batalha religiosa e política a diversos poderes nacionais e confessionais». As diferenças faziam-nos estar vulneráveis aos inimigos, mas o «vínculo no sofrimento criou uma comunhão profunda entre os cristãos da Letónia que lhes permitiu descobrir o seu sacerdócio batismal, o que os tornou capazes de oferecer os seus sofrimentos unindo-os aqueles de Jesus, para o bem dos outros. A experiência do canto e da oração em comum – notadamente no hino nacional “Que Deus abençoe a Letónia” – foi fundamental para o retorno deste país à independência, em 1991».
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