O milagre da família cristã é um dos mistérios luminosos!
[Leitura] Is 62, 1-5; 1 Cor 12, 4-11; Jo 2, 1-11
[Meditação] Depois da Festa do Batismo do Senhor, contemplamos o mistério luminoso das Bodas de Caná, onde Jesus Se auto-revela como Aquele que pode transformar a água em vinho, quer dizer, a tristeza em alegria, a solidão em família. Neste acontecimento é curioso que se juntam dois tipos de família: a família dos que seguem Jesus (Maria e os seus discípulos) e os noivos com os seus familiares. Este cruzamento de família faz com que a família de geração humana se transforme em família cristã. É aqui que Jesus realiza o milagre que prefigura o Sacramento do Matrimónio cristão.
É curioso que João nos conte ser este o primeiro sinal que Jesus realizou depois de ficar claro que Ele era o Messias enviado por Deus e da unção amorosa do Pai que se manifestou no rio Jordão. Certamente é para nos convidar ao seguinte itinerário de fé, coincidente com o percurso de Jesus descrito nos Mistérios Luminosos:
1º No Batismo do rio Jordão, Jesus inaugura um tempo novo, uma vida pública assumida, convite a que todos, n’Ele, saibamos acolher não só a purificação do passado, mas a realização de um futuro com a ajuda dos dons do Espírito Santo que desce do céu aberto.
2º Nas Bodas, em Caná, a família humana descobre-se, com a presença e ação de Jesus, como “célula” de uma maior família de cristãos, comunidade a caminho do Reino, sinal da Nova Aliança que Deus vive com a Humanidade, tendo em Jesus como o seu máximo e definitivo expoente da Sua esponsalidade. Lá, todas as vocações e ministérios estão presentes, para ser, em Jesus, sinal de um caminho novo: Maria, os discípulos, os servos, os noivos, etc.
3º O Anúncio do Reino e o convite à Conversão não é só uma dimensão da missão de Jesus destinada a indivíduos, mas Palavra a ser acolhida no seio de cada família como luz que ajuda a dissipar as trevas que, continuamente, teimam em destruir aquela célula base de um amor maior que encontra no seio da família cristã o seu “habitat sobrenatural”.
4º Na Transfiguração de Jesus, a família envia para o monte e aguarda a descida daqueles três apóstolos que viram a glória resplandecente, a convicção partilhada de que não devemos desesperar diante do sofrimento e da morte, pois que, em cada família, depois da desventura vem sempre a promessa de uma vitória.
5º A instituição da Eucaristia, na última ceia, é a “cereja no cimo do bolo” de noivos que leva muitos a considerar que a celebração do Matrimónio deveria ser sempre dentro de uma Missa. No entanto, só se entende obedecer-se a esta tradição se não se queimarem as etapas precedentes dos mistérios luminosos ou, pelo menos, se se assumirem como etapas do posterior projeto de vida comum.
Aguardamos a Exortação Pós-sinodal do Papa Francisco sobre a família. Nela, para além das decisões que ele já tomou sobre o acompanhamento dos casais em situações delicadas e dos sublinhados quanto à preparação dos casais jovens para o Matrimónio, esperamos ver muitas talhas de água transformada em vinho, pois o matrimónio entre o homem e a mulher, para fazer sentido, só pode, surpreendentemente, ser sinal das bodas que Deus nos quer preparar para todos na vida eterna.
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