Quando se acabam as frentes, contemple-se o céu aberto
[Leitura] 1 Sam 8, 4-7. 10-22a; Mc 2, 1-12
[Meditação] Talvez estejamos a passar na Igreja, como nos inspira o discurso e a ação do Papa Francisco, por uma ponte que nos está a dar a possibilidade de passarmos para uma nova era do nosso existir. Nas pontes, só se pode deixar o que está para trás e é-se chamado a ter a coragem para andar para a frente. Muitos dos pontos de apoio em que tínhamos apostado todos os nossos recursos desabaram e, quando muito, estamos frequentemente chamados a responder às emergências que nos aparecem como que “vindas do céu”.
Na casa onde Jesus estava, em Cafarnaum, também estava superlotada a porta da frente, de modo que a emergência da cura do paralítico não podia entrar. Foi preciso fazer os que estavam dentro contemplar essa mesma presença necessitada do poder do Senhor através do “céu aberto”. O que Jesus nos quer ajudar a compreender através deste episódio?
Bem… os presentes não queriam compreender que Jesus pudesse perdoar os pecados, quando, na verdade, se tratava de um paralítico, supostamente naquele estava precisamente… porque pecou. Para muitos, tinha o que merecia. Mas para Jesus não era assim…! Aqueles tinham a “porta” de suas mentes fechadas, ou seja, superlotadas com pressupostos, preconceitos ou suposições que não valiam de nada, e, consequentemente, um coração, também, tapado à possibilidade de Deus poder agir daquele modo através da Pessoa de Jesus.
É o que precisamos, também nós, de fazer, cantando «as misericórdias do Senhor», quando nos faltam as ideias para solucionar os problemas ou as temos enclausuradas em conjeturas arrogantes que não movem sequer «uma azeitona no estrugido» do sofrimento que quem nos aparece à frente. É, pois, tão urgente como a resposta às emergências abrir o coração à novidade das sugestões que nos vêm de Deus como solução para muitos problemas da vida, especialmente, aqueles que respondem aos problemas mais básicos que os pobres e os desesperados nos apresentam diariamente, a libertar-nos, também, o desânimo em que estamos amarrados por causa de tantos projetos sem rumo certo.
O 1º Livro de Samuel mostra-nos um povo quer um rei, ainda que a ele se deva pagar impostos, mas um rei que mande e a quem possam prestar vassalagem e obedecer. O Evangelho mostra-nos um Rei que também obedece e, como tal, realiza a misericórdia de Deus com uma lei nova. Estará o povo aberto e preparado? Acontece, ainda hoje, na política: muitas vezes queremos é um presidente, mas nem sempre nos importamos se ele obedece ou não a valores superiores a ele. Há uma parte de nós ancestral que queremos satisfazer satisfazendo, por vezes, ideias de qualquer tipo. Estaremos a precisar de um “upgrade” no desenvolvimento humano a este respeito? E vamos a ver com o item da “corrupção” nos discursos políticos o que vai acontecer, ainda que aos poucos…
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