O júbilo da misericórdia pré-Natal
[Leitura] Cânt 2, 8-14 ou Sof 3, 14-18a; Lc 1, 39-45
[Meditação] Ressoa, também hoje, a proclamação do Evangelho do IV domingo do Advento é porque ainda temos muito a aprender com a coragem de Maria que, de dentro de um cenário reservado ou privado de uma gravidez misteriosa, tem, com a anuência de José, a coragem de sair em direção à montanha a proclamar o que está para suceder como acontecimento universal. Isabel representa a antiga aliança que dá ouvidos à notícia da nova e eterna Aliança.
Não será que, ainda hoje, muitas das nossas formas de viver estruturalmente a fé se referem mais à antiga que à Nova Aliança? Não será este, por isso, como exemplifica a postura do Papa Francisco, um tempo em que é preciso retomar o profetismo que levou os antigos a deixar a antiga aliança, exortando-se a aderir à Nova Aliança? Maria, depois de ter acolhido o convite de Deus, não hesitou e tomou uma direção contracorrente, sem se deixar levar pelas dúvidas e pelos medos…
As duas leituras do Antigo Testamento que “servem” para a compreensão do Evangelho, mostram-nos cada uma seu aspeto do caminho que leva a aceitar viver no contexto da Nova Aliança: o da atração (Cânt) e o da propulsão (Sof). Nitidamente, a leitura do Cântico dos Cânticos incentiva a alma, na sua quietude nostálgica de apego a qualquer passado, a olhar pela fenda do rochedo que a prende e a erguer o olhar para além do inverno onde habita e a sair para saborear os frutos e o perfume que o novo jardim lhe apresenta. A profecia de Sofonias, por sua vez, exorta a que exultamos de alegria a partir de onde estamos, da pobreza que habitamos, porque Deus é misericordioso para connosco mesmo, ainda, sem termos saído daí, fazendo a revogação da Lei que oprime ou da sentença que amarra à prisão, o que nos impulsiona a não temer nenhum mal, porque Ele está no meio de nós como poderoso salvador, para Quem somos, desde já, uma causa de júbilo.
A liturgia de hoje, convida-nos, espiritualmente, a fazer a experiência das mulheres grávidas que, ainda estando dentro o seu Bebé, já vivem a alegria da vida nova que já transportam, projetando o amor com que querem envolver o seu novo nascimento, apesar da cultura abortista que nos envovle. A misericórdia de Deus é pré-Natal, quer dizer, é amor do seu coração antes de o merecermos, para nos salvar. É ou não é uma grande razão para nos alegrarmos?!
[Oração] Em: Novena de Natal 2015
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo