Oblação, a palavra que gera no silêncio
[Leitura] Jz 13, 2-7. 24-25a; Lc 1, 5-25
[Meditação] A vida de consagração a Deus é um desses hiatos ou espaços não muito visitados, hoje em dia, nem preferidos pela maioria, seja de consagração especial, seja, até, de consagração pelo Matrimónio ou por uma vida laical de entrega no serviço à comunidade. A história da esposa de Manoé e a de Zacarias, assim como a de Maria e José, demonstram-nos que o Anjo do Senhor aparece para anunciar uma transformação da história, precisamente em momentos de oblação. Esta é uma oferenda de vida que se traduz por um hábito, que manifesta um continuum que a Deus não passa despercebido, quando se trata de intervir na história da humanidade sedenta.
A vida humana está cheia de hiatos, mas nem todas estas fendas de sucesso, como a infertilidade, a ansiedade, a dúvida, o desespero, etc. significam abertura à intervenção de Deus. Apesar de técnicas apuradas, a comunicação − que implica sempre um emissor, um recetor portadores de um canal adequado e de um código que desencripte a mensagem − nem sempre é fértil de fecundidade e de sentido. Requer que o recetor esteja lá, sempre e sem macular a sua sede com outras fontes, apto para captar o que o emissor sagrado quiser informar.
E como é que saberemos que Deus nos quer comunicar alguma coisa? Alguém dizia que a oração é como que “uma voz entre dois silêncios”. Na comunicação com Deus, geralmente, não importa muito cuidar o canal técnico, nem o código, porque a mensagem chegará à nossa compreensão da forma que Ele bem entender. A mensagem é d’Ele, fecunda por si própria. O que importa é estar disponível para a acolher e querer assumir as responsabilidades consequentes desse acolhimento, também sem macular com qualquer tipo de embriaguez o desenvolvimento dessa responsabilidade. Só este tipo de comunicação é que produz comunhão com Deus e com os irmãos, porque transporta uma mensagem grávida de salvação.
[Oração] Em: Novena de Natal 2015
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo