O desapego que permite ver a autoridade da Cruz

[Leitura] Num 24, 2-7. 15-17a; Mt 21, 23-27

[Meditação] O Papa Francisco afirmou há pouco tempo que aquele que serve é quem tem mais autoridade. A autoridade dos que estão prontos a servir é a autoridade da Cruz. Apercebermo-nos desta real “autoridade mística” não é fácil; depende de muito desprendimento como o que S. João da Cruz viveu e sobre o qual escreveu, ao dizer «quando vieres a tudo ter, hás de tê-lo sem nada querer, porque se queres ter alguma coisa em tudo, não tens puramente em Deus o teu tesouro», de forma que «ao entardecer desta vida examinar-nos-ão no amor».

A aproximação que os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo fazem a Jesus não passa de física, pois, na realidade, à pergunta que fazem a Jesus, Este acrescenta outras perguntas que os fazem interrogar-se não, já, sobre a autoridade de Jesus, mas sobre a sobrevivência do seu “status quo”. Quando há muitas perguntas a mediar uma pergunta fundamental e uma resposta, este pode resultar, por vezes, inadequada, a manter os examinadores na ignorância. É falta da inteligência do coração no posicionamento face ao verdadeiro Mestre. E se não se sabe com um coração humilde que leve à ação, então Jesus também não lhes revela o seu divino segredo.

São os que vivem abnegados, ao estilo dos que vivem nas tendas em acampamentos, como os de que fala a profecia de Balaão, que seerão capazes de ter reis à altura de tais visões. Reinam pelas atitudes úteis e não pelas altitudes inúteis. Os que servem com humildade veem para além do tempo e é-lhes permitido um realismo sobre o que está longe. Os altivos ficam de fora, pois quase não veem o chão que pisam, ignoram o mapa da realidade mais universal. Daí que estes não reformem nada do que seja as estruturas. Pelo contrário, na sua humildade, ajudado na sua relação com Santa Teresa de Ávila, João da Cruz propôs-se reformar a sua Ordem Carmelita.

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