«Maria, a mulher mais poderosa do mundo»

C Advento II - Imaculada2[Leitura] Gen 3, 9-15. 20; Ef 1, 3-6. 11-12; Lc 1, 26-38; NATIONAL GEOGRAPHIC

[Meditação] Comoveu-me o que por estes próximos dias, vi publicado pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura sobre a capa de dezembro da revista norte-americana  National Geographic, onde aparece Maria destacada como «a Mulher mais Poderosa do Mundo». Foi a jornalista Maureen Orth, habituada a escrever sobre ícones musicais, líderes mundiais e celebridades de Hollywood, que quis embarcar na aventura de entrevistar pessoas de diversos credos e culturas com laços fortes de devoção à Virgem Maria, relatando aparições, visões e curas que revelam uma fé assente em experiências espirituais fortes na relação com Maria. A autora descobriu, por exemplo, que Maria é a «esperança e consolação de muitas pessoas, incluindo muçulmanos», que apreciam Maria como uma «mulher sagrada de Deus», o que nos pode levar a crer que, neste tempo de conflitos violentos causados pelo extremismo religioso, esta deveria ser «uma ponte a ser explorada».

Introduzo a reflexão desta Solenidade com esta notícia para podermos contemplar o caminho  histórico percorrido desde a mulher Eva até à Avé (Maria) que veneramos como Virgem Imaculada. É o caminho feito entre as perguntas «Onde estás?» e «Que fizeste?» e as respostas «Eis a escrava do Senhor;» e «Faça-se em mim segundo a tua palavra.» Se Adão e Eva estavam no paraíso a ser tentados para fazerem o mal, Maria e os crentes habitam a terra da humildade no duro percurso para o bem. Se Eva é a mãe de todos os viventes, Maria é Mãe de todos os que ousam ser crentes. É, ou não é, uma grande história de caminho percorrido, não só geograficamente e temporalmente, mas espiritualmente?

O trecho evangélico deste dia mostra-nos uma “antecâmara” importante do Natal que, no meio do Advento, nos pode ajudar a aproveitarmos ainda mais o seu sentido, num mundo que não ajuda a responder bem àquelas perguntas de Deus, pelo contrário, a justificar tudo, serpenteando entre a aparência de mal e da aparência de bem, que não são evidência nem de um, nem outro, quando o que Ele quer é encontrar-Se para nos amar, mesmo na nossa miséria. Acredito que este encontro do Arcanjo com Maria aconteceu, sobretudo, no coração daquela que Deus preservou de toda a mancha, para que nenhuma emoção ofuscada pelo mal pudesse fugir à proposta de Deus, apesar das graves dúvidas da recém-enoivada. As dúvidas são dissipadas com o solene anúncio da vinda do Espírito Santo e do que Deus realizou na prima estéril. E Maria não apresenta qualquer fuga, mas, como que já sentido o Verbo dentro de si, a sua resposta torna-se já Palavra.

Hoje − prova-o o testemunho do Apóstolo Paulo − o Espírito Santo continua a descer sobre nós «com toda a espécie de bênção espirituais em Cristo». Este alegre anúncio continua a ser − como o do Arcanjo foi para Maria − motivo para acreditarmos que Deus é o autor da Vida, apesar do mal que ainda existe em nós. É, também, um convite a confiar que, apesar das nossas misérias, Deus não nos deixa num só momento, mas acompanha-nos com aquelas perguntas essenciais, para, com a resposta (esta nem sempre conveniente), avaliarmos bem em que prisões habitamos e de que ilusões nos ocupamos. Paulo garante-nos que, muito antes de fazermos o mal, Deus predestinou-nos e fez-nos herdeiros da possibilidade de «sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença».

Maria foi, também, concebida no amor de Deus para vir a desempenhar a missão única e importantíssima de ser a «Theotokos» que aquela jornalista norte-americada descobriu ser «Portadora de Deus». Disse ela, que sempre escreveu sobre muitas artistas: «desde então, nenhuma outra mulher tem sido tão exaltada como Maria», mulher que inspirou não só incontáveis e grandiosas obras primas, como tem sido «a confidente espiritual de biliões de pessoas, não importa o quão isoladas ou esquecidas estejam». Se, desde os tempos mais remotos e, de forma mais esclarecida a partir do séc. XIX, a Igreja celebra e declara a Concepção Imaculada de Maria, é porque tem provado, pela vida dos fiéis, que o bem tem mais poder que o mal. Provam-no também as vitórias que o nosso Portugal alcançou pelo facto de a termos por Padroeira e Rainha, desde que, por D. João IV e pelo Santo Condestável, Lhe termos dado a coroa e conservado a mística.

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