Comungar para não desfalecer

[Leitura] Is 25, 6-10a; Mt 15, 29-37

[Meditação] A Eucaristia aparece em destaque, hoje, prefigurada pela multiplicação dos pães que Jesus realizou junto ao mar da Galileia. O Papa Francisco já nos garantiu que a comunhão eucarística não é prémio, mas alimento; não tanto um a posteriori do nosso mérito, mas mais um a priori do seguimento fiel e mais permanente de Jesus Cristo. Uma tradição legalista teimou no prémio e muitos afastaram-se da comunhão, ao mesmo tempo em que se afastaram do caminho que, como a vida em geral, é duro. No trecho do Evangelho, o facto de a multiplicação dos pães e dos peixes aparecer na sequência da cura milagrosa dos doentes, certamente nos quer dizer que conforme a cura física está para os corpos, o pão abençoado e multiplicado está para a cura de sentido, tantas vezes enevoado ou fechado por um véu. Deus prometeu pelo profeta que haveria de tirar este véu. Haveremos de esperar outro Senhor? Ou acreditamos já que Jesus deitou abaixo este véu, permitindo-nos vislumbrar, de certo modo, o banquete definitivo depois da morte aparente?

Agrada-me pensar na comunhão dos doentes, por ocasião da visita do padre ou do ministro extraordinário da comunhão, incluindo a presença dos familiares que, na maioria das vezes, estão ausentes deste momento (uns por já terem ido à Missa, outros porque não estão para “incomodar”). Agradou-me a experiência confiante da comunidade de Taizé, onde se celebra a Missa todos os dias e se partilha o pão eucarístico, depois, na oração de Laudes, aos “ausentes” ou “transeuntes” (uma prerrogativa da Igreja católica do séc. IV que se perdeu nos nossos dias, mas que ainda permanece, de forma autorizada, em Taizé).

Nunca, em circunstância alguma, a não ser numa situação mesmo muito grave que careça de um solene lava-pés, deixemos de subir a este monte, do qual vemos o horizonte de onde Jesus Cristo nos chama, enquanto nos cura e alimenta no longo caminho, até chegarmos ao encontro definitivo, sem asa lágrimas e a vergonha.

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