SANTIDADE: Irmandade, Filiação e C(a)risma

[Leitura] Ap 7, 2-4. 9-14; Sal 23 (24);  1 Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12a

[Meditação] Como é que pode ser santo aquele que não se reconheceu, à semelhança dos seus irmãos, como pecador? Como é que pode deixar de ser pecador aquele que não procura, à semelhança do seu Deus, a sua imagem? A Solenidade-de-Todos-os-Santos é uma celebração que nos permite recuperar o realismo e a esperança. O realismo, por causa das caricaturas que nos passaram de algumas formas de ver a santidade; a esperança, porque todos podem ser santos, se acolherem o dinamismo que o permite.

A experiência humana irmana-nos a tantas formas de privação que Jesus, o Filho, assume e declara como caminho de felicidade. É em relação a todos aqueles que vivem a indigência que podemos procurar esse Deus que se fez homem para que sejamos descobertos, como Ele, filhos de Deus. A santidade de Deus pode começar ao assumirmo-nos como irmãos de muitos, extravasando os laços de sangue e “adotando” a construção da felicidade dos outros. A caridade é um dom para a irmandade. É caridade tirar os santos das pianhas, para que possamos ver a sua humanidade. É caridade tirar os pobres da indigência e os pecadores da miséria para que possamos ver a sua santidade. Aproximas-te?

A Santidade é vertida de uma Fonte aquém de todos os nossos esforços − o Pai. Por isso, é graça perene. É Ele que nos chama seus filhos, não somos nós. A nossa resposta é considerarmo-nos irmãos de Jesus Cristo e dos que O seguem e dos que O procuram. Aprender a ser filhos de Deus é uma preparação para O vermos tal qual Ele é e como, na verdade, seremos também. A fé é um dom para a filiação. Acreditar é perceber que a santidade não é só privilégio de alguns, mas proposta para todos. Acreditar é, simplesmente, quietude para a ação de Deus em nós. Celebramos?

O dinamismo da Vida recebe-se com alegria e é um dom a partilhar. Requer coragem e empreendimento. Não se alimenta de solidão, embora passe por ela quem ousa sair de si. Por vezes tem de se “encriptar” para não se perder, mas implica sempre destinatários aos quais “verter” gratuitamente quanto se recebeu. Requer resposta a uma vocação que alimente, diariamente, o rosto de quem se reconhece ser gente salva. A esperança é um dom para a vivência do c(a)risma. Ter este selo do Espírito do Pai e do Filho na fronte não deve ser um segredo, mas um testemunho quotidiano do amor de Deus, que, para sairmos da tribulação, nos deixa lavar continuamente as nossas vestes sujas no Sangue do seu Cordeiro. Este divino “detergente” não se esgota, mas, para não ser em vão, implica uma missão que desbrave toda a concorrência mundana. Implica ser cálice esculpido, enchido e vertido para os outros. Partimos?

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