Um Espírito que “desenferruja” as “dobradiças” da comunidade
[Leitura] Num 11, 25-29; Tg 5, 1-6; Mc 9, 38-43. 45. 47-48
[Meditação] Já viste, num espaço público (uma praça, um parque de diversões ou numa praia) uma crianças a travar conhecimento com a criança da família ao lado, como que a ir ao encontro daqueles que são seus “pares”? Se houver o mínimo de destimidez, é natural que isso aconteça. Na verdade, as crianças, com a capacidade natural para entrar em jogo, têm uma abertura natural ainda não “encriptada” pelos preconceitos diplomáticos dos adultos. Na verdade, uma criança é como que um disco rígido de um computador, quando está novinho em folha: pronto para receber informação e expandir-se de conhecimentos. Nos adultos passa-se, por vezes, o contrário. Parece acontecer assim, também, com as comunidades: nas novas comunidades há uma capacidade para deixar entrar elementos novos e fazê-los missionários; nas comunidades mais ancestrais não acontece tanto, mas pelo contrário: é difícil de abrir as portas para que outros entrem e aos que querem sair para evangelizar fora ameaça-se de perigo. O escândalo de que Jesus fala não se refere, certamente, a coisas do foro meramente sexual (mas também). Invocando a imagem paulina do corpo, o que Jesus declarou também se pode apontar para as mãos, os pés e os olhos do corpo que é a Igreja. Com alguns posicionamentos nem sempre conformes à missão que Jesus predisse para a comunidade dos Apóstolos, podemos ou não estar a “escandalizar” os mais simples ou pequeninos, sedentos de desenvolvimento e empreendimento evangelizador por parte dos que estão mais perto da “cabeça” deste Corpo?Ainda continuamos a “gastar cera” com defuntos e a não disponibilizar meios, pessoas e recursos para o que é importante: o acesso a Jesus, que é Caminho, Verdade e Vida. Acontece assim, também, na sociedade: muitos dos recursos que deveriam ser transferidos para melhorar a vida dos pobres estão a apodrecer nas contas bancárias dos ricos ou noutros “silos” de riqueza. Onde é que estão os recursos para a catequese, para a formação, para a arte, não só esculpida, mas também a do movimento, que implica a interação das pessoas. Diz-se cientificamente que o que promove o crescimento são três fatores: a presença, a ausência e os estádios. Vamos, então, deixar que o Espírito Santo, que sobra onde quer, oleie bem as dobradiças das nossas portas, para podermos acolher os pequeninos (entre os quais estarão, também, os refugiados…), para podermos ver a ausência dos que são precisos fora e vamos adiante, com a noção de que só por etapas e não em confusão é que as comunidades, tal como as pessoas, podem crescer e servir o Mestre.
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo