«Abre-te!» a Deus e aos outros
[Leitura] Is 35, 4-7a; Tg 2, 1-5; Mc 7, 31-37; PAPA FRANCISCO, Evangelii Gaudium
[Meditação] É mais que certo que não podemos anunciar a salvação, antes de, primeiro, nos sabermos já, em certa medida, salvos. A alegria que se pode transmitir com a consciência desta certeza não é uma alegria apoiada em suposições e promessas de futuro, mas uma alegria concretizada por palavras e gestos próprios da salvação que Jesus nos veio trazer em primeira pessoa. As três leituras deste 23º domingo do tempo comum traduzem-nos esse círculo virtuoso de uma verdadeira comunicação da salvação, sem ruídos: o profeta Isaías apela-nos a não termos medo do encontro com Deus em Jesus Cristo, no hoje, em que parece ser mais cómodo falar de um Deus distante que não Se meta com o nosso individualismo ou “bem-estar privado”; o evangelista Marcos conta-nos um episódio de cura, apresentando-o como um acontecimento de iniciativa comunitária (“trouxeram-Lhe”), mesmo se, depois, o milagre aconteça de forma intimamente personalizada, proporcionando, primeiramente, a abertura fundamental à graça de Deus; na sua epístola, Tiago insinua que o encontro com Cristo não pode ficar no privado, nem em relações exclusivas, hoje, como sempre, muito em voga por interesses que não têm por objetivo a vida eterna.
Faltam, em muitas das nossas comunidades, um incentivo explícito e claro de uma maior abertura a Deus, o que pode acontecer, para além da assembleia dominical (que muitos não frequentam), com propostas diversas de contacto com a Palavra de Deus e de oração contemplativa e silenciosa que poderá desembocar num maior esclarecimento da consciência e no contacto com Jesus nos sacramentos da Iniciação Cristã (Batismo, Confirmação e Eucaristia) e da Cura (Reconciliação, Unção dos Doentes). A vida da fé não pode ser “hermeticamente fechada”, ou seja, não pode ser um ato de “conservação da espécie”, mas como uma partilha da vida eterna destinada a todos, sem qualquer tipo de distinção. Este desafio é melhor vivido a partir de uma oblação da vida, através, das graças sacramentais do Matrimónio e da Ordem (sacramentos da vocação e do serviço) ou a partir de uma dedicação radical aos valores do Evangelho, na Vida Consagrada. Como nos diz o Papa Francisco, no encontro com Cristo, o Evangelho provoca uma Alegria que se renova e comunica. Que caminhos ainda não foram andados, na tua comunidade? Em que dimensões pessoais e comunitárias falta o encontro com Cristo para que esses caminhos possam ser percorridos? Como fazer da Catequese e da Evangelização um acontecimento aberto a todos? Que espaços de encontro pessoal com Deus?
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo