A cruz do amor: sebenta da vida cristã
[Leitura] Rut 1, 1-2a. 3-6. 14b-16. 22; Mt 22, 34-40
[Meditação] Lembras-te da famosa sebenta de folhas brancas, onde o professor da escola primária nos pedia que escrevêssemos a matéria essencial? São Pio X marca uma etapa importante na missão evangelizadora da Igreja, quer queiramos quer não aceitar que o seu catecismo (uma espécie de sebenta da vida cristã) levou muitos, inclusivamente as crianças, à comunhão. A primeira metade do século vinte viu acontecer uma reforma a que o reviralho antropológico da metade seguinte não soube dar uma certa continuidade. Vemos isso, por exemplo, na desistência de muitos na prática cristã depois de um longo processo de uma, por vezes, fraca aprendizagem. o que é que terá acontecido? Não estou com isto a tirar mérito algum aos que fabricaram os novos catecismos tipificados na condução de um processo a partir da realidade humana. O mérito maior está em quem tenha a coragem de os absorver, assim como a toda a sua pedagogia, para os conseguir pôr em prática. Portanto, não estou aqui, aproveitando-me da reflexão litúrgica, a posicionar-me a favor ou contra este ou aquele método de fazer catequese ou desenvolver evangelização (todos os métodos têm algum mérito). O que estou a querer dizer é que o Evangelho de hoje foi a resposta contundente de Cristo aos fariseus no sentido de os fazer ver o que é essencial para se poder viver uma vida cristã límpida e sem confusões. Penso que foi esse o mérito de São Pio X, com sua reforma catequética e litúrgica (entre outras). Assentar a evangelização com o peso para a reflexão sobre a realidade humana poderá fazer com que não tenhamos mais tempo e paciência para o essencial: seguir, pegando na cruz, por entre os “arbustos” da realidade, contemplando a criação, optando pelo equilíbrio e por uma maior atenção dada à pessoa (tantas vezes diluída na pedagogia “antropológica” de grupo). Penso que Jesus respondeu aos fariseus com o essencial, acrescentando, porém, algo mais àquilo que eles estavam à espera: a horizontalidade que completa a cruz. Portanto, para trilharmos, no essencial, o caminho da vida cristã, segundo Jesus Cristo, eis a cruz que é preciso carregar: amor a Deus e a tudo o que Ele criou (trave vertical); amar os outros como a nós mesmos (trave horizontal). É preciso mais? Aponta na tua sebenta. E confere na Carta Encíclica do Papa Francisco: Laudato Si’
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