A missão apostólica no “pêndulo” do tempo
[Leitura] Gen 46, 1-7. 28-30; Mt 10, 16-23
[Meditação] Ao contemplar o envio dos Apóstolos por parte de Jesus, vem-me à memória um objeto chamado “pêndulo”. De facto, encontramos o pêndulo em muitas realidades do nosso viver: nalgumas cadências da música para a afirmação de uma tonalidade (exs. Dó-Sol-Dó; Sol-Ré-Sol, etc.), na motorização de alguns relógios para a medição do tempo (ex. relógios de parede) e, até, no sistema pendular de alguns comboios para se atingirem velocidades mais elevadas (ex. Alfa Pendular). A Liturgia da Palavra indica-nos dois símbolos, respetivos pressupostos, atitudes e consequentes frutos, a saber:
A. A pomba (símbolo), que representa o Espírito que falará pela boca dos Apóstolos (pressuposto), implica a vivência da simplicidade (atitude) e orienta para um horizonte preciso em linha reta, que é o anúncio do Reino (fruto).
B. A serpente (símbolo), que ensina os Apóstolos a sobreviver como cordeiros no meio de lobos (pressuposto), através da prudência (atitude), para que a missão não fique comprometida ou não seja em vão (fruto).
A história que culmina com o encontro de Israel (Jacob) e do seu filho José, no Egito, pode muito bem ser uma prefiguração deste desafio que é dado por Jesus aos apóstolos de todos os tempos: o trajeto dos dois (pai e filho) foi conduzido por um desígnio divino para este encontro que deu sentido à existência de Jacob-Israel, mas também sujeito a zig-zags pelos quais essas vidas foram sendo encaminhadas e defendidas, apesar de, aparentemente, terem sido marcadas por sinais de luta e tribulação. Mas o tempo não alberga, somente, contrariedades; acolhe, também, a possibilidade da graça divina que conduz a liberdade humana (assim o homem queira cooperar!) para o encontro definitivo com Deus.
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo