Pedras nunca serão (símbolo de) pão!
[Leitura] Act 7, 51 – 8, 1a; Jo 6, 30-35
[Meditação] A partir da Liturgia da Palavra deste dia é mais fácil de perceber por que razão Jesus nunca cedeu à tentação de transformar pedras em pão. Elas são símbolo da dureza do coração dos homens, ao passo que o pão é dádiva da ágape que Deus veio realizar com a humanidade. A multidão esteve muitas vezes indecisa sobre o que pedir a Deus; ainda hoje é assim: umas vezes chuva, outras vezes sol; umas vezes a pensar no próprio celeiro, outras vezes, a pensar na atividade dos outros; umas vezes a pedir o bem dos outros, outas o próprio e alternativo bem. Quanto Jesus Se apresenta como o “pão vivo que desceu do céu” para que não tenhamos mais fome, é bom que se faça ouvir a profissão de fé: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. No entanto, não é sempre fácil pedirmos desse eterno alimento, pois, frequentemente, temos pedras na mão, correndo o risco de as atirar.
Nem todo o símbolo aponta ou liga com a vida eterna. E nem todas as interpretações dos sinais são bem feitas. Muitas vezes, são hermenêuticas eivadas de manipulação, descrições sobre o falso benefício com que são defendidas as coisas terrenas. A algumas pessoas, não interessa, consciente ou inconscientemente, que haja símbolos que liguem com o céu ou os valores do Evangelho. São exemplos disso os que martirizaram Estêvão, incluindo os cúmplices, como Saulo. Na história do primeiro mártir da história, temos a impressão de sentir um “déjà vu”, ou seja, de estar em contacto com uma “réplica” dos últimos momentos da paixão de Jesus, mais concretamente a sua entrega na cruz, com as afirmações: “Senhor, recebe o meu espírito” e “Senhor, não lhes atribuas este pecado”. Este é o momento mais significativo a apontar-nos para o Mistério Pascal de Jesus. Visões do Ressuscitado há muitas, algumas mais verosímeis do que outras (que serão catequeses… ). Mas… mortes por Cristo, depois da Ressurreição, ainda não tínhamos ouvido falar!
Penso que esta é a maior prova de amor retribuído que se possa dar: dar a vida pelos amigos. Foi Jesus que o ensinou! Ele não deixou ficar só Estêvão. Na solidão ficou Saulo, a guardar os mantos e a culpa do mandato. Este não poderá resistir por muito tempo ao Espírito de Jesus Ressuscitado. Dependerá do caminho, da atenção aos símbolos e de uma boa interpretação dos mesmos: ou ligam ao mundo, endurecendo o coração; ou ligam à vida do Ressuscitado e, dando doçura e mansidão.
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo