Onde há discípulos está o Mestre…
[Leitura] Act 4, 1-12; Sal 117 (118); Jo 21, 1-14
[Meditação] … onde há uma boa comunidade de discípulos está lá a “pedra angular”. A derradeira prova de que Jesus é o Ressuscitado é a existência de discípulos que O seguem e não se atrevem a duvidar de que toda a sua segurança do que são e do que fazem como testemunhas está n’Ele. Se repararmos na imagem, damos conta que o que faz a construção estar de pé é a peça chamada de fundamental para que haja equilíbrio e segurança. Jesus também foi ameaçado e interrogado, mas não arredou pé da autoridade que Lhe vinha do Pai. Assim os discípulos, que não são maiores que o seu Senhor, também são chamados a dar testemunho firme, mesmo que não sejam compreendidos e os seus argumentos não sirvam, senão, para serem marginalizados e, porventura, presos. No entanto, aqueles que O/os rejeitam não são capazes de adivinhar o que o Mestre é capaz de fazer através dos seus discípulos, como no episódio do Evangelho narrado hoje: indica-lhes o caminho ou a ação que pode transformar a inércia e a pobreza em transformação e bonança. Trabalhemos pela paz (nos dias feriais) e vistamos a túnica e vamos ao seu encontro (nos dias festivos), como Pedro e os outros pescadores. Como sugere A. GRÜN, construir a paz implica um processo criativo que é a conjugação de três fatores: o “shalom” (judeu) que permite que Deus reine em nós através dos seus múltiplos dons; a “eirene” (grega) que possibilita ter harmonia interior, que nos permite dirigir um olhar afetuoso mesmo ao que é hostil, dentro e fora de nós; a “pax” (romana) que nos dá a capacidade de entrar em diálogo com as pessoas em conflito, de forma a encontrarmos o equilíbrio de interesses e que todos possam viver bem com ele. Aos que anseiam e lutam pela paz, é prometida por Jesus a tão desejada filiação divina.
As comunidades de discípulos precisam, hoje como sempre, desde aquela primeira hora, de ouvir os desafios do Mestre através do seu Espírito, lançando as “redes” para outras margens. Não é fácil, hoje, encontrar coragem para isso, sobretudo em comunidades rebaixadas pelo peso de uma tradição sem T maiúsculo. Nota-se isso nalgumas visitas pascais que mais parecem dia propício para garantir sustento económico (do padre ou do fundo paroquial), dando continuação ao transporte da cruz para o calvário. Para muitos dará jeito que Ele permaneça morto ou inerte! Que o Ressuscitado nos livre e nos proporcione sermos interrogados, para sabermos em “nome” de Quem se fazem ou se poderia deixar acontecer coisas grandiosas!
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo