A experiência do Ressuscitado é caminho, ação e ágape
[Leitura] Act 3, 11-26; Lc 24, 35-48
[Meditação] Poderíamos pensar que o Jesus Cristo anterior à Ressurreição e o posterior à mesma, pelo facto de ter um corpo glorioso, unicamente percetível pela fé, não têm muito a ver com o outro: no que fez, nos caminhos que percorreu ou fez percorrer e no amor compadecido que transmitiu em tudo. Por isso, a nossa razão, sempre apta a ver tudo muito empiricamente bem relacionado, não é muito hábil, por sua vez, em aceitar que são a mesmíssima Pessoa, embora com um Corpo diferente, um Corpo novo… imortal, mas, na mesma, funcional. No encontro posterior ao caminho de Emaús, em que Jesus passou de “forasteiro” a “conhecido” depois da reconciliação entre coração e mente daqueles dois, Ele voltou a encontrar-se com eles e os outros discípulos, agora, dentro de uma casa. E ali provocou, novamente, um caminho, mas, desta vez, menos espacial e mais espiritual, mostrando as suas mãos, os seus pés, e a sua capacidade para confraternizar com eles.
Parece-me que a liturgia da Palavra deste dia nos quer fazer crer que Jesus, apesar da Sua morte, pretende chamar-nos à atenção para a continuidade da Sua missão no mundo, feita de caminho (“vede os meus pés”), ação (“vede as minhas mãos”) e ágape (“tendes aí alguma coisa para comer?”). Com o “tocai-Me e vede” está a convidar-nos, de novo, a fazer a Sua experiência, agora, mediados pela sua presença gloriosa, no Seu Espírito. Por isso, Pedro e João, depois da cura do coxo de nascença também fazem questão de lembrar a que a multidão não olhe para a sua ação como poderosa, mas para a presença d’Aquele que a fez possível. O Espírito Santo apoia-nos a que, também, com os nossos pés, as nossas mãos e o que temos para partilhar, possamos fazer a experiência do Ressuscitado.
Para isso, precisamos de estar em contínua formação, para podermos compreender a Ressurreição de Jesus à luz de tudo aquilo que Ele disse e fez.
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo