Mistério Pascal: por amor ou por dinheiro?

[Leitura] Is 50, 4-9a; Mt 26, 14-25

[Meditação] Pediram-lhe que entregasse Jesus por trinta moedas, o preço que valia um escravo. Todos somos de acordo que o amor não tem preço, assim como a amizade e a filiação, considerando ainda os bens incalculáveis quantitativamente (uma herança espiritual, uma obra de arte pessoal, etc.). Neste dia de “preparativos”, aparece novamente descrita a desditosa missão de Judas Iscariotes, enquanto que os outros discípulos procurem “tal pessoa” cuja casa servirá para Jesus celebrar com os seus a sua Páscoa, não estando dito que a alugaram. É clara, aqui, a existência de dois tipos de entrega e de celebração da Páscoa: uma que não tem preço e é livre; e outra que é interesseira e oportunista. É desejoso que, para não nos confundirmos com o estilo antigo e desajustado de religião, fujamos deste segundo tipo de “entrega”.Não desconsiderando que os cristãos possam e devam fazer partilha económica para assegurarem as atividades essenciais do seu crescimento e de sustento daqueles que lhes estão ao serviço a tempo inteiro, parece-me que as Igrejas ainda poderiam fazer mais algum caminho para que a celebração do Mistério Pascal de Jesus Cristo, neste Semana e durante todo o ano, se “despisse” de conotações quantitativas. Afinal, celebramos aquela entrega que não tem preço e se nos é pedido um preço, esse é nítido que é o santo acolhimento da vontade de Deus que somos chamados a viver na prática, pela conversão e testemunho.

O Papa Francisco está a “gastar-se” pela afirmação de que a Igreja é, sobretudo, missão e evangelização, enquanto que na maioria das vezes se vê como “manutenção” de espaços e tempos, por vezes, à custa de quantias avultadas. O que se passa? Tentados a entregar Jesus por “trinta moedas”? Ele será nosso escravo ou, hoje, o Ressuscitado que nos pede e guia numa missão de testemunho? Para este, continua, como luz o Evangelho: sem alforge para o caminho (cf. Mt 10, 5ss). Sou daqueles que opino que os fiéis das Igrejas poderia audar os seus pastores a encontrar formas de subsidiar a sua unânime missão sem fazer pagar os Sacramentos, os “mistérios” mais eloquentes da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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