Em José, as virtudes de um tutor à altura do Mistério
[Leitura] 2Sam 7, 4-5a. 12-14a. 16; Rom 4, 13. 16-18. 22; Mt 1, 16. 18-21. 24a e Lc 2, 41-51a.
[Meditação] Quem exerce a paternidade responsável (humana e espiritual), já, certamente, sentiu calafrios nas situações mais diversas da educação dos filhos ou educandos. S. José também não escapou a “sustos”, quer no que toca à sua relação inicial com Maria, quer no que toca a adotar como filho e a educar o Menino Jesus. Por isso, vêmo-lo a ser ajudado pelo Anjo, em sonhos, e a acordar para a realidade do Mistério com uma nova coragem.
Certamente, a José não escapa o conhecimento da história do Povo de Deus que espera o Messias e das promessas feitas a seus pais, a de uma descendência destinatária da justiça de Deus. Como diz Paulo, esta justiça não deveria vir pela Lei, mas pela Fé, para que se perceba ser dom gratuito de Deus e seja herança válida para toda a descendência à qual pertence a humanidade de todos os tempos. José deve ter sido conhecedor da história e do talento do seu homónimo, José do Egito (personagem diferente), que terá sido intérprete de sonhos na prisão (cf. Gn 40), como acontece com os talentos que passam de “artistas” para eus a”fãs”. Deve ter aprendido a ler esses sonhos à luz da Sagrada Escritura e dos acontecimentos do seu tempo. José, a seu modo, já fazia “lectio divina”!
José foi capaz de captar os fragmentos do Mistério que lhe diziam respeito, sobretudo, em relação com o que se apresentava a Maria, que, depois, guardava no coração o os fragmentos respeitantes ao crescimento e à missão de Jesus. Estes “fragmentos” foram chaves condicionantes para a abertura das “portas” que possibilitaram o desenvolvimento do mistério da redenção. Hoje em dia, estão a ser sublinhadas outras qualidades, a par da castidade e da justiça, que fazem de José um talentoso em ler os sonhos que o levaram a colaborar no Nascimento de Jesus: a fortaleza e o silêncio. Foi o Papa Francisco que as apontou a partilhar connosco o que escreveu sobre a imagem que tem no seu escritório:
«Eu gosto muito de São José porque é um homem forte e de silêncio. No meu escritório, eu tenho uma imagem de São José a dormir e, dormindo, ele cuida da Igreja. Quando tenho um problema ou uma dificuldade escrevo-o num papelinho e coloco-o debaixo de São José, para que ele sonhe sobre isso, ou seja, para que ele reze por este problema»
Terá Jesus aprendido a imitar José, quando, na tempestade, dormia na barca diante dos seus discípulos? (cf. Mt 8, 23ss) Aprendamos de José mais estas virtudes, hoje, tão precisas para deixarmos que o Mistério de Deus se faça presente através das nossas grandes decisões. Serão grandes, somente, se deixarmos que Deus tope partido nelas. De outra maneira, não estaremos à altura da história de cada um daqueles que nos são entregues para educar.
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo