Acreditar na Palavra é pôr-se a caminho
[Leitura] Is 65, 17-21; Jo 4, 43-54
[Meditação] No Evangelho de hoje, Jesus denuncia a superficialidade de quem pede sinais e prodígios, mas não deixa de responder ao pedido insistente do funcionário real. Neste episódio, Jesus, para além de ceder à necessidade de um sinal, propõe o caminho de regresso como “descida”, entre a Palavra acreditada e a realidade necessitada de cura, para que a experiência de fé seja profunda, como profundo é poder de Deus.
Nesta Liturgia da Palavra aprendemos que os sinais não bastam para que a experiência de fé e a verdadeira cura aconteçam, mas podem ajudar a acolher as palavras de Jesus, estas sim, implicando um caminho de descoberta da eficiência da Palavra de Deus. O acolhimento do mistério da salvação será sempre superficial se nos basearmos meramente em sinais; é preciso, também, que a vontade pessoal se mova, impelidos interiormente pela luz da Palavra. Esta, portanto, contém a promessa daquilo que vai acontecer e que é o que Deus prevê que nos possa fazer felizes. Cabe a nós aceitar e colaborar para que esse “sonho” de Deus se realize. Penso ser esta uma tarefa comunitária, tanto quanto o funcionário real do episódio evangélico precisou de entrevistar os servos para comprovar a veracidade da eficiência da Palavra. Esta atua em tempo real; a nossa descoberta é um caminho feito ao ritmo de cada pessoa. A comunidade ajuda a mediar esta diferença de ritmo (tempo real, demora) e de espaço (profundidade, superficialidade). A leitura orante da bíblia (lectio divina) contém os passos que permitem fazer este caminho. Quem dera que esta estivesse mais presente nas nossas comunidades, sobretudo nos tempos fortes do ano litúrgico.
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo