Perdão: compaixão multiplicada
[Leitura] Dan 3, 25. 34-43; Mt 18, 21-35
[Meditação] A casuística não é invenção da teologia moral da Idade Média. A linguagem do Antigo Testamento está cheia de “casos” em que o número era indução de pedagogia. Também o Apóstolo Pedro levou a pergunta sobre o perdão ao Mestre, na tentativa de obter d’Ele uma solução quantificável.
A casuística é um elemento pré-apostólico, tanto quanto a fome da multidão e o calculismo dos discípulos em resolvê-la são prévios ao milagre da multiplicação dos pães. Então, respondamos: − O Senhor iria fazer um milagre com o pão e não faria o mesmo com o perdão? Não se é Apóstolo pela lei (mesmo que os apóstolos de hoje, os bispos, sejam legisladores), mas pela Palavra da misericórdia de Deus que veio para salvar.
Para que não aconteça sermos ingratos como aquele homem a quem foram perdoados dez mil talentos, fujamos de quantificar os gestos de misericórdia e de perdão que frequentemente fazem connosco. O calculismo da nosso sociedade ocidental (em que tudo tende a ser quantificado) pode remeter-nos para aquele “limbo” de pré-apostolicidade que mais não é que um círculo vicioso, não de graça (seria virtuoso!), mas de consumo egoísta, porque mera resposta a uma lei. A oração de Azarias, que saíu ileso da fornalha ardente, por todo o povo, prova-nos a competência de que se deve revestir um verdadeiro Apóstolo: ser um multiplicador de perdão para que todos possam tocar o lado aberto de Cristo e, dele, verter o “bálsamo” da misericórdia aos que têm o coração duro.
ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo