Não basta não pecar! É proibido “ultrapassar pela direita”…!

[Leitura] Ez 18, 21-28; Mt 5, 20-26

[Meditação] É preciso praticar a justiça de uma forma que supere os fariseus. Por isso, não basta não pecar. Uma vez pecadores, é necessário um arrependimento que reconsidere o Amor a Deus e aos irmãos. É que os pecadores não são o pecado!! Pode acontecer que, ainda hoje, haja cristãos que, por quererem chegar ao Céu primeiro e por mérito próprio, “ultrapassem pela direita” os que andam pela “esquerda”, ou seja, ultrapassando os que tiveram uma origem desafortunada, os que não tiveram grandes condições de vida e uma educação para mais “ascese”. Por isso, não podemos chamar a niguém a-religioso (“imbecil”)! Poderá acontecer que, estando às portas desse céu “tão desejado”, se vejam ultrapassados idoneamente, “pela esquerda” (é permitido!), por parte de prostitutas e impostores! (cf. Mt 21, 28-32).

Ao reler as leituras de hoje, do Antigo ao Novo Testamentos, pressinto uma espécie de “psicologia positiva” do Evangelho a superar uma “psicologia negativa” hesitante do profeta veterotestamentário. Este sublinha mais o arrependimento como condição; Jesus sublinha mais a justiça como remédio. Uma coisa e outra completam-se; e uma sem a a outra não valem de muito. É o pecado que se deve “matar”; portanto, tudo o que se disser contra um irmão que se tenha pecado já é injsutiça, porque todos procuram Deus e a vida eterna é para todos, e não “hotel” de 7 estrelas para os “santos-ricos-de-ferrari-espiritual”! Com esta reflexão, não se está a sugerir que se afrouxem os meios para se ser santos. Pelo contrário, está a pedir-se aos que têm mais facilidade em utilizar esses meios que apoiem os mais fracos e vulneráveis, para que cheguemos todos juntos. Jesus sugere que nos reconciliemos durante o caminho… É mistério, mas, no meu modo humilde, mas aventureiro, de pensar, na Igreja purgante (invisível), pressinto muitos fracos a ser levados ao “colo” dos justos. Não deveríamos tentar o mesmo na Igreja peregrinante?! Quem está sempre preocupado em “ultrapassar pela direita”, ou seja, a tentar cumprir tudo, independentemente dos outros, para ter “entrada garantida” no Reino, preocupa-se do espaço e das condições para passar e não com as condições dos que estão à esquerda (para não pensar na ignorância acerca da possibilidade dos da “esquerda” poderem desistir e virarem no próximo entroncamento, não se decidindo a salvação que está “em frente”). estará aqui um dos casos − causa e efeito − da indiferença que o Papa Francisco nos convida a erradicar.

O Papa Francisco fala de uma “santidade da classe média”, não para sugerir a mundanidade espiritual, mas para nos convencer que é com a exequibilidade que lá chegamos e não com a presunção fútil.

ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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