Check the sign! Assinala! – Da Perceção da Cruz à Integração da Luz
[Leitura] Jonas 3, 1-10; Lc 11, 29-32
[Meditação] É possível que entremos no jogo da “perversidade dos sinais”, quer dizer, que andemos à procura de sinais que justifiquem o nosso esforço de vida cristã; ou, então, perdemos “o fio à meada” da nossa vida (o sentido de viver) e ainda não o encontrámos, desejando que Deus faça uma intervenção milagrosa. E o que é mais estranho, porventura, é que o desejemos preocupados com um ou alguns aspetos do nosso viver atual ou da maneira de ser pessoal, não considerando toda a vida, desde o nascer até ao futuro ainda desconhecido.
Sugiro, como terapia para curar da perversidade dos sinais, que a Quaresma − com a ajuda das práticas de uma esmola generosa, uma oração fundamentada na Palavra de Deus e um jejum discretamente significativo − seja a oportunidade para uma mudança em dois fatores do nosso ser-em-relação (com os outros, connosco próprios e com Deus):
1º A capacidade de perceber a realidade, portanto, a PERCEÇÃO. Desde os os sentidos externos, às emoções e sentimentos (sentidos internos) até ao olhar de fé: é necessário aprender a perceber que há realidades que escapam aos sentidos externos e que só podemos intuir com os sentimentos e, diga-se com ousadia, com o sentir da fé. Este precisa de ser apoiado por uma recíproca leitura orante da Vida (“lectio humana”) e da Bíblia (“lecio divina”). Ajuda, também, uma leitura integrada do que acontece à nossa volta, mediante os meios de comunicação social (crivados, porém, com a peneira do bom-senso que muitas vezes é mais inteligente que o manipulado senso-comum). Para um olhar crente, é necessário, determinantemente, passar toda a realidade (pessoal e comunitária) pelo “óculo da cruz”, ou seja, pela perspetiva da cruz onde Jesus nos deixou o sinal mais significativo do Amor de Deus. Sem esta perspetiva, toda a vida humana fica desprovida de sentido, por mais que nos pareça escandaloso. Mas… a nossa caminhada humana de fé não ficaria completa só com este primeiro passo. É, também, essencial a:
2º A capacidade de interiorizar, portanto, a INTEGRAÇÃO da realidade. A realidade, mesmo que percebida com o máximo de juízo crítico, poderá parecer absurda. É necessária a Luz que nos vem da Páscoa já relaizada por Jesus, para nos podermos abrir à possibilidade da passagem. Há uma verdade que não se pode esconder: Jesus, no meio deste difícil caminhada, abriu a alguns (poucos) dos seus discípulos a porta para essa Luz no monte da transfiguração, assim como o fazia pela explicação minuciosa que lhes dava das parábolas, contadas à multidão através d euma linguagem enevoada. Integrar a Luz da Páscoa significa vermos, nos acontecimentos da história pessoal e comunitária, pôr a possibilidade (porque não temos razão para afirmar o contrário) de que Deus não é indiferente para connosco e acompanha-nos nesta travessia da história concreta, com ações concretas. Há que “assinalar” esses momentos em que tivemos a impressão (pela fé) de que Deus agiu em nossa defesa, para, de pequeno sinal em pequeno sinal, chegarmos à complação do grande sinal que já nos foi dado: Ele, que deu a vida por nós e vive como Ressuscitado.
O Antigo Testamento, com as histórias que nos apresenta, ajuda-nos a perceber como Deus intervinha na história dos humens; com a Incarnação do Seu Filho Jesus Cristo, não haveria de nos abrir os olhos com o maior sinal que é a Sua presença luminosa? Aceitemos a Cruz e veremos a Luz! Não sejamos indiferentes aos seus sinais em todos os momentos.
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo