Palavra de Deus, “cordão umbilical” do milagre (e) da vida
[Leitura] Deut 18, 15-20;Sal 94 (95); 1 Cor 7, 32-35; Mc 1, 21-28
[Meditação] O 4º domingo do Tempo Comum, neste 2015, antecede a celebração do dia da Apresentação do Senhor, dia em que Nossa Senhora e S. José entregam o Menino no Templo, Luz que é preciso ser revelada às nações; é uma espécie de manifestação do Senhor, agora protagonizada pela Família de Nazaré, respeitando o costume da sua época.
A Liturgia do domingo poderá, já, ajudar as pessoas a entrar nesta dinâmica, frequentemente tão escassa nas famílias do nosso tempo, da abertura da vida dos filhos a um caminho de luz, que é a vocação, sabendo-se os pais e mães cristãos de hoje, saudavelmente, suportes aos quais Deus confia o nascimento e os primeiros passos de uma vida. Na vida física, o cordão umbilical tem de ser cortado para que o nascituro tenha futuro, ou seja, para que a criança possa a breve tempo perceber que tenha uma identidade própria. Já na vida cristã, o “cordão umbilical” que liga ao Criador nunca poderá ser cortado (ainda não estamos capazes de perceber os efeitos produzidos pela postulada expressão “secularização legítima”), antes deverá ser mantido, tanto quanto deve ser mantida a relação cada vez mais madura – já não física, mas em modos relacionais diversos – entre as gerações ao longo da vida.
Isto implica que os pais e educadores sejam “profetas” de um Profeta maior e definitivo – Jesus Cristo -, apresentado pelo evangelista Marcos como o único que tem uma autoridade capaz de libertar a nossa vida – calando os medos e preocupações desnecessárias que trazem à vida o perigo de “desvios”- e de a fazer progredir para a felicidade. Para isso, o Apóstolo Paulo aconselha que o “nosso próprio interesse” seja o “interesse do Senhor”. Está aqui, precisamente, a ligação intrínseca do “cordão umbilical” que nos liga a Deus Pai: Jesus, a sua Palavra e o seu agir, capaz de ser imitado pelos Seus discípulos.
- Para isso, precisamos, como Jesus, de conhecer primeiro a realidade (Ele chegou a Cafarnaum alguns dias antes do Sábado… ), para, depois, podermos agir de forma inspirada (ou não, se suspeitarmos de piorar a situação).
- Para isso, o “agradar” romântico entre os esposos tem de dar lugar ao amor responsável sobre os filhos e a sua educação para uma vida própria, promovendo um ambiente de escuta e apoio na resposta vocacional.
- Para isso, é preciso dar primazia à Palavra de Deus e testemunhá-la na coerência do agir quotidiano (que a ilustra), uma vez que até os (ainda) não discípulos ficaram admirados com o que o Mestre dizia.
- Para isso, é necessário não fechar os corações ao calor desse Sol que ilumina para fazer crescer todo o bem que germina, aceitando o desafio de «fortalecer os corações» à maneira do que o Papa Francisco nos exorta na sua Mensagem para a Quaresma 2015.
- Para isso, é necessário não cortar o “cordão umbilical” entre o dizer e o fazer iluminados pela Palavra de Deus, para cortarmos (isso sim!) de uma vez por todas a possibilidade de se viver uma vida dupla ou manipulada por ideologias impuras.
- Para isso, é preciso não “marginalizar” ou “ridicularizar”(como sendo inútil ou “não rentável”) quem consagra toda a sua vida ao serviço da Palavra.
- Para isso, enfim, é preciso mandar calar verborreias inúteis, para nos podermos maravilhar com o Verbo da Vida!