Martírio: a perfeita fragilidade!
[Leitura] Hb 7, 1-3.15-17; Mc 3, 1-6
[Meditação] Ao celebrarmos Santa Inês, lembramo-nos do pequeno David que conseguiu defender-se do gigante Golias. O extraordinário destas histórias é a constatação de que, com o poder de Deus, a pequenez e a fragilidade têm muita força.
É a constância da fé nesse poder divino que permite dar testemunho na própria fraqueza. Para isso, é preciso ter-se a coragem de abdicar, por vezes, da própria história pessoal, como Melquisedec, de quem não se sabe a genealogia, nem o princípio, nem fim; e é modelo prefigurador do Sacerdócio que encontra a suma perfeição em Cristo. Este ensina-nos que, mesmo sendo fracos, não teremos medo de qualquer poder humano, mesmo o instituído, para cooperarmos com a realização da Vontade de Deus.
Daqui se tira uma conclusão muito dura de aceitar, como duro é todo o martírio: que a fragilidade nos aniquile o que temos de mais nobre, como as qualidades humanas herdadas dos antepassados ou adquiridas com muito esforço (pessoal), com as quais contamos na hora de dar (um suposto) testemunho; e que, se calhar, Deus não quer este tipo de testemunho, mas um daqueles em que se manifeste o Seu poder e não o nosso (fraco) poder.
Sim, na fragilidade podemos ser perfeitos, desde que, constantes na fé, tenhamos sentimentos de filhos de Deus e pratiquemos a sua Vontade.