A comunicação cristã II – O progresso de Nicodemos

É diante deste excesso de segurança, garantia da distância de Nicodemos, que Jesus vai, com a sua atenção e respeito, aproximar Nicodemos e libertá-lo das suas resistências que, provavelmente, estão sediadas na esfera afectiva. E é precisamente com a sua atitude afectiva que jesus o ajudará a libertar-se. Há qualquer coisa naquele Homem que atrai Nicodemos. E, antes que o conteúdo, começa por ser a forma, o modo como Jesus se aproxima dele e o inquieta. Nas respostas de Jesus, Nicodemos tende a colher a sua verdade, mas o seu afecto ainda resiste, ficando ligado aos seus esquemas que o impedem de seguir a sequela daquele Mestre, deixando-o ficar na lamentação do tipo “gostaria, mas não tenho como”. Com este dualismo entre a mente e o coração de Nicodemos ainda fica um impasse que provoca uma certa incomuncabilidade.
Como é que Jesus concegue entrar dentro do mundo afectivo de Nicodemos? Decubramos: nas interacções entre interlocutores podem acontecer três modalidades fundamentais de relacionar-se: a confirmação (afirmação, ratificação, apoio, apresentação de provas); a desconfirmação (desatenção, desconsideração); o refuto (reprovação, contestação, negação). Confirmamos o outro quando o aceitamos assim como é, aceitando o que ele nos dá na sua comunicação; refutamos quando explicitamente negamos a relação com ele e dizemos claramente que não queremos comunicar com ele; desconfirmamos quando negamos a relação não de forma explícita, mas ambíguo, através da comunicação não verbal. Das três modalidades, esta última é a mais danificadora da comunicação, causadora de mal estar. Jesus não refuta nem desconfirma o seu interlocutor, mas usa como modo comunicativo o da confirmação, ou seja, o do apoio e atenção, metendo a pessoa num bem estar fundamental para que ela possa acolher as suas provas. O seu modo de comunicar não é ambíguo e apresenta uma perfeita consonância entre as palavras e as atitudes.