Desejar sim, ter medo não!

Essa lei, “impressa no íntimo e gravada no coração” de cada homem (cf. Jer 31,33), é constituída como que por sementes que estão à espera de acordar para o “frio da água” e o “calor do sol” que as fazem crescer. Passe a metáfora: o frio da água é o elemento incomodativo, aquele incómodo que faz morrer a semente, num primeiro momento; mas depois vem o calor do sol que seca, aquece e faz germinar a semente.
É a falha daquele calor que também a nós, seres humanos, nos faz desejar o calor do sol, o bem estar do nosso desenvolvimento motivado pela busca dos valores mais elevados. Se desejamos esses valores do alto que nos atraiem, então o nosso coração expande-se para fora, para Deus e para os outros. Se temos medo de “morrer”, então isolamo-nos e morreremos, de facto, sozinhos.
Essas sementes da nova lei semeadas por Deus no nosso íntimo (interior, alma, psíque) e gravados no nosso coração (motivação, decisão, paixão), poderão ser como aqueles programas que às vezes vêm com os computadores acabados de comprar: estão lá dentro, mas a necessitar de serem instalados pela primeira vez. Por vezes, acontece também com cada um de nós: é uma pessoa que nos falou, ou uma circunstância… a trazer um input novo que “instala” uma nova forma de ver as coisas e as pessoas, motivando-nos também a agir de forma diferente.
“Perder a vida” significará também desejar essa vida nova que nos foi dada.
