Gerir as tensões 2

Remover as tensões ou transferi-las para um outro objecto (as “masturbações” referidas no post anterior), dilui irremediavelmente as respectivas componentes espirituais, comunitárias, psíquicas. Assim, jamais se chega a dar um nome àquilo que está a acontecer. Pior ainda, as tensões não “suportadas” voltarão a acontecer de forma acentuada, como fonte de amargura, privando-nos da oportunidade de alargar o coração, tornando-o mais “amante”.
Para integrar o polo “negativo” da tensão e para não cairmos nas desilusões, é necessário aceitar a crise como componente do viver, sem lhe juntar imediatamente a automática previsão de ter de sucumbir. Permenecer diante do polo negativo oferece-nos a maravilhosa descoberta de que aquilo que parecia uma derrota também se revelou uma descoberta a viver de forma mais livre consigo próprio(a) e com os outros. Aqui está um excelente “ginásio” de que a vida vocacional é um bom exemplo.
Gerir as tensões não é só uma questão de resistência psicológica (por isso é que não bastam os psicólogos!). É necessária uma motivação que nos permita tolerar o reconhecer-se contemporaneamente seguros e em dúvida, competentes e culpados, unidos e separados… É também uma motivaçáo religiosa. Os que vivem ou procuram a vocação específica têm diante de si um “vértice” ou uma “montanha”: Deus. Se ainda não se sabe qual é a “montanha”, já o facto de meter-se a caminho é cansativo e o primeiro obstáculo provoca a vontade de voltar atrás..
A essa “montanha” conduz-nos um Guia que nos demonstrou, com a sua morte e ressurreição, como afrontar as tensões do caminho.